Se esse ano merece uma retrospectiva, não tem nada a ver com aquelas edições chatas feitas pelo Globo Repórter. Muito mais divertido - e coerente - seria colocar enfileirados todas aquelas partes da propaganda da Polishop onde aparecem pessoas totalmente ferradas, tentando usar inutilidades difíceis de manusear, em imagens em preto e branco. Eu sou o cara todo lascado na edição P/B da Polishop. Só pode.
No mesmo ano em que a Scarlett se tornou balzaquiana, Porto Alegre se tornou a capital mundial do nudismo. Cada lugar tem as musas que merece, ora.
Não foi em 2014 que o PT inventou a corrupção. Mas foi quando ficou provado que ele fabricou um novo modelo de raciocinar o saque do bem-estar público. As eleições desse ano, nos mostraram como é possível o Partido dos Trabalhadores meter a mão em direitos trabalhistas com décadas de existência e ser solenemente ignorado pelos idiotas úteis que formam seu eleitorado analfabeto.
Foi em 2014 que ficou provado que brasileiro não gosta de futebol. Brasileiro gosta de ganhar. Nossa mesquinhez exige algo sólido para servir de subsídio moral. Esse também foi o ano das redes sociais. Se nunca tivemos moralidade política, se não temos mais futebol, agora, temos Feicibuqui. O idiota médio das redes sociais fez barulho como nunca. Somos o penúltimo na lista de edução da ONU, mas o segundo na lista de contas do site do Sucker-berg.
Uma das maiores características da cretinice intelectual generalizada é esse desejo honesto de salvar o mundo. O que não faltam nas redes sociais são idiotas úteis com o desejo honesto de salvar o mundo. Tentamos de tudo para salvar esse nosso mundinho: lei da palmada; proibir comerciais de TV para o público infantil; casamento homossexual em CTG; tentamos uma pedagogia nova, agora sem reprovação até a terceira série. Foi em 2014 que ficou institucionalizada a ignorância. Uma economista de 50 anos foi manda de volta para cursinhos do Pronatec, e o governo disse o que todo mundo já sabe: estudar em país de analfabetos é coisa de gente burra.
Só não experimentamos as obviedades como o fim do voto obrigatório e a formação de uma carreira de estado para a segurança pública. Coisa de burguês.
Claro que eu espero um ano melhor em 2015. Ao menos, melhor que essa insobriedade toda.
Mas a esperança é um bom jeito e identificar pessoas com pouca envergadura.
Sem mais, meritíssimo.
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