quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O PT inventou a corrupção, sim!

Uma das principais características da militância petista é não conseguir pensar com a própria cabeça e repetir as tagarelices inventadas pela intelectualidade paga pelo partido com o dinheiro público. Uma delas é a aparente obviedade de que a corrupção não foi inventada em 2003. Mentira. Foi sim.

Claro que o PT não inventou a corrução do Senado Romano. Também não inventou a corrupção da Revolução Francesa, isso é óbvio. Mas só isso. O PT foi muito além, a partir de 2003. Ele adaptou as técnicas de corrupção fascistas da Revolução Russa e inseriu nelas o componente do "jeitinho brasileiro".

Qualquer um que não seja um completo estúpido desconfia de aparentes obviedades.

Uma das primeiras coisas que o PT fez ao assumir o Governo em 2003 foi passar 10 meses fazendo um pente-fino nas contas de FHC. Era parte do plano para tentar morder o poder e deixar de lado essa bobagenzinha de eleições, um protocolo burguês dispensável, para a esquerda. Em 10 meses, nenhuma denúncia concreta foi oferecida contra o governo anterior. Tudo que o PT conseguiu foi inventar, durante esse período, o slogan "herança maldita", mais um trololó repetido pelos papagaios de plantão. Quando eu votei no Lula em 2002 - em minha defesa: a juventude nos autoriza a cometer esse tipo de sandice! -, ajudei a elegê-lo com a promessa de que haveria uma investigação séria nos contratos da privatização da telefonia. A respeito do único buraco onde o governo FHC poderia ter sido enterrado, nenhum músculo foi movido. No lugar disso, o filho do rei, Fábio Luís Lula da Silva, ficou milionário como empresário do setor. Adeus, investigação da privatização da telefonia.

O PT inventou um tipo especial de corrupção, em 2003. É a corrupção que trabalha sem oposição no Congresso Nacional e consegue misturar partido, estado e mecanismos que supostamente pertencem à sociedade civil, mas fazem parte do aparelho ideológico central. É um nó tão grande que fica difícil de mapear e rastrear completamente. Sempre que há denúncias, alguma máquina da engrenagem cai. O maior rolamento quebrado foi a prisão dos mensaleiros. Mas, quando isso acontece, a parte do dízimo que pertence ao aparelho central já está muito bem salva, juntamente com o restante que está pulverizado nas bases. Entregam os dedos para salvar a mão. E novos dedos surgem, nesse monstro mutante.

O PT não só inventou a corrupção como a utiliza como método eleitoreiro. Extravagante que é, busca chamar atenção da militância burra, como se fosse responsável pelas investigações. Os iconoclastas pagos com o dinheiro público plantam a semente e os imbecis úteis da militância de base fazem o trabalham sujo. Hoje não existe nenhuma empresa estatal, nenhum dos 39 ministérios, nenhum programa governamental que envolva dinheiro público que não esteja respondendo por irregularidades. Repetir que o PT não inventou a corrupção é como insistir que Santos Dumont inventou o avião. No segundo caso, é uma patologia nacionalista; no primeiro, ideológica. Ambos as doenças estão no registro das escabrosidades morais e não são diferentes em tipo, mas em grau.

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