terça-feira, 4 de novembro de 2014

Os limites da democracia e do debate público genuíno

Por falta de coisa melhor, vou publicar aqui um editorial que fiz para um programa de rádio.


É extremamente difícil estabelecer os reais parâmetros da arena do debate público em torno de um tema tão polêmico e repleto de tabus quanto o homossexualismo./ A interpretação recorrente de que cada um pode fazer aquilo que bem entender da sua vida, contanto que não interfira na vida dos demais é limitada./ Qualquer coisa pode ser compreendida como uma interferência na vida dos outros em uma sociedade de indivíduos extremamente interconectados física e virtualmente e completamente desconectados moralmente./ Também é limitada e falaciosa a ideia de que devemos tolerar tudo, inclusive a intolerância./ Trata-se de um artifício linguístico que prejudica o debate e tenta manter cada grupo em seu lado da corda, medido forças de uma maneira aleatória e maximizando a tensão social.//

Se o estado tem a responsabilidade de garantir a igual liberdade de todos os seus cidadãos, por outro lado não pode proibir a manifestação contrária dos outros que buscam justificar a desigualdade com bases em argumentos religiosos, teocráticos e até doxásticos./ Também é verdade que a discussão comprometida apenas com o ambiente institucionalizado prejudica todos./ Ou alguém ainda pode sustentar, de bom grado, que cartilhas impressas pelo Ministério da Educação conseguem atingir a profundidade de uma discussão tão séria quanto a diversidade sexual?//

Na medida em que o debate público se arrasta de forma aleatória as opiniões divergentes se chocam frontalmente, sem um estado aparelhado para frear os excessos e controlar os atos criminosos./ Marginais seguem aguardando a oportunidade de ouro que esperavam para cometer os crimes que teriam cometido mais cedo ou mais tarde de qualquer jeito./ O bandido nasce pronto./ A oportunidade faz o crime./ A pauta da discussão sobre a diversidade sexual, por sua vez, vira apenas um pretexto para adiantar atos criminosos.//

No programa de hoje vamos debater a diversidade sexual com critérios rígidos, sem nos curvarmos da polêmica envolvida no tema./ Além de matérias especiais a respeito da diversidade sexual, opiniões divergentes vão se encontrar, mostrando que a tolerância ainda é o melhor remédio contra a intolerância./ Dentro desse contexto, vamos apostar, ainda, que a discussão livre e despretensiosa ainda serve como uma das contribuições mais importantes em qualquer ambiente pretensamente democrático.//

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