sábado, 14 de novembro de 2009

Minha preocupação com as rádios (2 de 3)

Definitivamente, a rádio é aquele veículo que pode circular pelos dois extremos da qualidade. Minha observação inclui ainda a internet. Na rede, a quantidade de lixo produzida pode ser facilmente identificada por um internauta medianamente esclarecido. O receptor do conteúdo pode separar o que lhe interessa e dar crédito apenas àquilo feito por sites de prestígio ou com fonte segura. Esse mesmo internauta, se transformado em ouvinte de rádio, não terá escolha na sua programação quando tentar buscar informações locais e de caráter pouco abrangente. Toda tentativa de modificar a rádio e fazê-la um portal instantâneo entre a sociedade e seus problemas, empregado durante nos últimos anos, está se dissolvendo com as ondas curtas e longas pelo ar.

Minha preocupação pode parecer ingênua. Alguns podem dizer: “que diabo de questão é essa? Porque alguém estaria preocupado com rádios do interior?” Bom. Retransmito essas perguntas para todos os brasileiros que foram atingidos pelo apagão dessa semana. Mais uma vez, o velho aparelho de rádio a pilha manteve muitos informados sobre a extensão do problema e o tamanho dos prejuízos. Minha preocupação com o interior é potencializada conhecendo o número significativo de pessoas interessadas em questões simples, como: os buracos da rua, a falta de água no bairro e os assaltos que acontecem na farmácia da esquina.

Tantos problemas, muitas vezes, precisam ser administrados por radialistas extremamente amadores e sem nenhum preparo intelectual e emocional para esse trabalho. O problema mais comum é a velha mistura de informação com opinião. Esses sentimentos, na maioria das vezes explosivos, podem facilmente transformar um radialista em heroi de sua pequena cidade. Infelizmente, essas situações, dificilmente conseguem ser administradas com suficiente sobriedade e apenas servem para confundir as funções do jornalismo, deixando de lado o coletivo em detrimento de um privado absolutamente desnecessário e fora de contexto. As pessoas com um microfone na mão, e sem nenhum texto diante dos olhos, não costumam pensar que suas opiniões pessoais são tão relevantes quanto as de um mico-leão-dourado. Não costuma passar pela cabeça dessas pessoas que a principal função de um comunicador deve ser ouvir e saber organizar as diferentes visões a respeito de um mesmo tema. Isso tudo com a intenção de expor o problema de uma maneira suficientemente clara, valorizando os aspectos fundamentais e deixando as rebarbas para serem aparadas fora do ar.

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