
Reeditamos a história de Jânio Quadros. É preciso lembrar que nada voltou ao normal depois de Jânio, o presidente mais mentecapto e despreparado do século XX (mesmo sabendo que existiram concorrentes a altura, esse é o meu voto, sim!)
O vírus pode não escolher classe social ou fazer distinção racial, mas saímos da dúvida: qual é o comportamento do Covid19 em um país tropical para a obviedade: o vírus é, sim, mais letal em lugares onde a saúde pública e o saneamento básico não são prioridade. É preciso milhares de mortes para chegarmos na obviedade. Diferente da liturgia, a remissão dos nossos pecados não nos dá a vida eterna.
Se tudo der certo, não voltaremos a ser como antes, mas seremos exatamente como somos agora. E continuaremos com os mesmos eufemismos: desleixo e desinteresse é "resiliência"; bravata e verborragia é "nova política".
Sem trocar o remédio, podem esquecer. Sem deslocar o debate para aquilo que de fato importa, o empilhamento de corpos é o mínimo que merecemos para remissão dos pecados. Não admitir que aquilo que, de fato, é relevante é a melhora real da qualidade de vida dos menos favorecidos, combate a corrupção e funcionamento integral das instituições como pano de fundo perene é o único suicídio real da democracia. Voto é apenas o mecanismo para justificar o fim dos tempos. E, por fim, Bozo tem razão quando aponta que o ego é mais importante que o Brasil. Apenas erra o alvo quando aponta apenas para Moro, quando tenta atirar pra todo lado.
O único boicote possível da imprensa é a mea culpa e parar de bater palmas para maluco dançar. Nem a crítica merece espaço. A admissão pública de que o presidente da república reina, mas não governa, diz muito mais sobre a imprensa do que sobre o próprio presidente. Se o chefe do executivo acredita honestamente (e acredito que estamos diante de alguém suficientemente conspiratório para levar isso a sério) que "a inteligência da Polícia Federal perdeu espaço na gestão" e não faz nada pra substituir o ministro, a máxima da ausência de poder é a tônica central, e ela é mais do que suficiente para deixar qualquer expectativa de governabilidade de lado. Então, que o "basta é basta" seja a simples admissão de que "não tem problema eu acreditar que algo não esteja funcionando, contanto que se mantenha um nepotismo básico e um apoio mastigado de um setor bajulador".
Mas, se parar pra pesar, até agora, tudo bem. Afinal, chegamos ao ponto em que Cortella tem razão!
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