sábado, 29 de setembro de 2018

Escolher um presidente não tem nada a ver com isso

Nestas eleições, não se trata de escolher um presidente. Até porque temos coisas muito mais importantes acontecendo. A primeira delas é o fato do conjunto de candidatos apresentados pelos partidos expor o substrato de quem genuinamente somos: uma cambada de sociopatas, desprovida de toda e qualquer ideologia política, conservadora, progressista, esquerda e direita. Nada disso jamais pisou aqui, vivemos só a alucinação entre Russia e USA, como se tudo se resumisse a um filme de ação ruim.

Todos os Brasis estão ali, disponíveis nas urnas, e eles são terríveis, mas concorrem a alguma coisa, menos à presidência da República.

É assim a ponto de haver inclusive candidatos que eram presidenciáveis antes de serem candidatos de um partido; outros candidatos só são candidatos em virtude do partido que representam não ter a primeira alternativa disponível. Há também a excentricidade do PMDB estar representado pela, e primeira vez! O partido do fisiologismo resolveu mostrar um nome, mesmo sabendo que vai ser governo, aconteça o que acontecer, como sempre. O PMDB só governa porque não se elege. Se precisasse de voto para o Executivo, seria extinto.

No primeiro turno, o PMDB se viu obrigado a não saber quem apoiar, e isso é inédito. O PMDB tem um candidato porque não tem um cachorro disponível para encabeçar a chapa. Nem o PSDB! Nem o Podemos! Cada um correu atrás da sua versão de fisiologismo. É como se a lógica do "quero poder, não quero governo", instalada por Francisco de Assis Chateaubriand, fosse relutante pela primeira vez. Como sempre, o Brasil vai perder a oportunidade de tirar uma lição disso.

Não poderia haver uma eleição menos pemedebista do que uma eleição com um candidato do PMDB concorrendo. A ala evangélica fez sucesso com o homem meme. A tentativa de reeditar o caudilismo gaúcho veio do Ceará e, da floresta, o mesmo bichinho oportunista de sempre. Partidos foram mais locados do que nunca e a dificuldade para fechar as chapas em torno do nome dos vices mostrou que todo mundo está concorrendo para perder. Aliás, nunca antes na história dessa republiqueta foi tão barato locar um partido e tão caro subornar um político.

Não é possível que existam jornalistas que se orgulham de serem porta-vozes do caos, do escarnio e do absurdo. Cambada de ingênuos! Ou gazelas, buscando um holofote. Não se trata de eleger um presidente, mas de mostrar como ele é desnecessário, recolham-se a sua tolice.

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