Passou uma semana que estou no extremo norte do Brasil, Macapá, selva amazônica. A cidade não foi feita para a floresta. Tudo que tenta ser urbano é estranho, errado, pouco civilizado por aqui. Vale para tudo mesmo: trânsito, saneamento, arborização, calçadas. Nada disso faz sentido no na garganta da floresta que serve de foz para o maior rio do mundo.
Esta minha mania de criar alterações drásticas na minha vida pode ter chegado ao limite do respeito e medo da amazônia. As coisas aqui não funcionam no ritmo que operam no sul. O Equador não é trópico. A sombra do paraíso é defendido pelo calor do inferno. As pessoas se envolvem nesse ritmo de tempo especial. Festa e música ruim têm prioridade. Só bêbado vale a pena viver debaixo desse sol. A primeira impressão, da madrugada no aeroporto, é de um conjunto de secadores de cabelo ligados nas suas costas. Nada intelectual, produtivo, bonito ou sensível pode ser produzido no meio do stress de tentar se defender do calor. Só dança brega e música ruim tem um sentido imperativo.
Nenhum racionalismo opera acima de 25 graus.
São os rescaldos de tentar construir uma cidade no meio da selva.
Apocalipse Temer, agosto de 2018.
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