Tradicionalmente, a epistemologia é a área do conhecimento
humano dedicada a saber o que é ou não “verdade”. Um assunto bastante nebuloso,
vamos combinar. Resumindo, posso tentar simplificar dizendo que verdade é
aquele momento onde os fatos no mundo se encontram com as sentenças do
pensamento humano. Quando alguém detém alguma crença, emite um juízo sobre ela.
Basta que um juízo corresponda à realidade e – voilà! – a crença finalmente ganha o status epistêmico de
conhecimento. Todo tipo de crença é candidato a pretenso conhecimento.

E o que pode ser usado na construção de uma pós-realidade? A
resposta é simples: tudo. Notícias falsas, vídeos opinativos ridicularizando
agentes políticos, memes (eis um forte candidato ao dicionário Oxford para os próximos
anos), imagens apelativas e suas respectivas montagens. Qualquer coisa com
alguma capacidade de alterar a capacidade das pessoas de refletir sobre fatos
sociais e políticos reais são ferramentas úteis para influenciar a opinião
pública. O resultado dessa disputa é sempre uma das extremidades: esquerda pré-queda
do muro de Berlin ou direita teocrática. Mesmo que ambos os modelos já tenham
se mostrado historicamente ineficientes, isso não importa para os pós-modernos
relativistas da pós-verdade.
Precisamos compreender que as redes sociais são simulacros
de democracia, onde tudo aquilo que o agente político tem diante de si é um
conjunto de opiniões com as quais ele concorda e algumas opiniões dissonantes
criadas justamente para que ele reaja aleatoriamente. O primeiro passo para
fugir de uma cilada é conseguir identificá-la.
Nenhum comentário:
Postar um comentário