Fazia muito tempo - desde a minha adolescência - que eu não se sentia tão de esquerda. Não é só os novos ares de um governo de abutres, velhos e conhecidos. Nada mais de direita do que ser velho e conhecido. Mas estou falando da filiação com as pautas da chamada esquerda de hoje em dia, sabe? Estava com saudade delas.
Por exemplo, a esquerda descobriu, recentemente, que o Governo Federal dá festas no Palácio do Planalto com dinheiro público para leiloar o voto dos parlamentares. A diferença é que as festas de Lula eram juninas, com cachaça de Minas e carne de sol. Moët e Chandon e foi gras são coisas muito absurdas, mesmo com a cachaça de Minas custando mais que champanhe francês.
Outra coisa que me aproximou da esquerda foi o fato deles estarem indignados contra os absurdos da PEC 241, editada integralmente e enviada para o congresso pelo governo da presidente recém impeachmada Dilma Vana Roussef, carimbada e votada durante esse governo golpista.
Como pode um estado querer gastar apenas o que arrecada, se queremos manter os benefícios sociais dos pobres e as aposentadorias dos magnatas dos três poderes? Como pode um governo não fazer nada para ter uma reforma tributária justa, mesmo com mais de uma década de caneta na mão? Óbvio, nada mais direita que manter programas sociais aumentando o gasto público com servidores inúteis, impostos que atingem justamente os mais necessitados. Direita faz distribuição de renda assim: tira dinheiro da mesa do pobre para colocar na conta bancária. O estado rouba na mesa e serve no consumo de coisas socialmente mais importantes, disponíveis no shopping mais próximo da zona sul. Esses calhordas de direita.
Não sei se eu voltei a ser de esquerda ou a esquerda voltou a ser como eu nunca deixei de ser.
É um pouco estranho, depois de tanto, anos ter um governo de direita para poder criticar. Até pouco tempo atrás, pensei que tinha perdido a habilidade.
Às vezes, eu lembro do Millôr: "não gosto de direita porque é de direita; e não gosto da esquerda porque é de direita".
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