segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Diário de Londres - Museus

Hoje vou falar de um assunto muito divertido para gente velha e chata, tipo eu: museus. É museus. Aquele lugar onde a gente guarda a parte da nossa história que vale a pena ser contada, e onde a gente melhora aquilo que não deve ser contado para que possa ser contado do jeito que mais nos interessa. Também é o lugar onde a gente guarda aquilo que não deveria ter existido, para que nunca mais se repita. Aquele lugar lindo, onde um povo, não se preocupa com os seus fatos e se dedica a expor suas verdades a respeito do seu jeito de ver o mundo! Arrisco dizer que os museus só competem com as bibliotecas em termos de importância para a história da humanidade.

Londres é farta em museus de todo tipo. Fui em vários, mas ainda tenho uma listinha boa para percorrer. Já adianto: esse não é o tipo de coisa que você pode fazer sem calma, paciência e uma boa dose de sorte.

Não fiz essa lista pensando em turistas. Então, se você é um turista, desista. Procure um aqueles guias que vendem nas corner shops dos indianos. Nada contra os indianos. O problema sempre são os turistas.

Começarei pelo óbvio e encerro com os meus museus preferidos.

British Museum

Essa é uma das maiores referências quando o assunto é museus no mundo. O British é uma junção de tudo que a Inglaterra conquistou, ganhou e saqueou ao longo da sua história. É um museu que requer pelo menos umas boas quatro horas de caminhada. Há galerias maravilhosas, mas praticamente não existe uma curadoria cronológica. Muitas das salas são compostas por temas geográficos genéricos. Índia, Egito, Grécia, Império Romano etc. Claro que vale a pena ser visitado, mas não espere muito, não. É muito turista chines vindo ver algo do Império Mongol e algumas galerias são muito apertadas para receber tanta gente, especialmente, a egípcia. Turista, em geral, tem um fascínio por múmias. Deve ser alguma identificação pessoal.

Entrada franca.
Tem áudio guia para alugar.

Petrie Museum of Egyptian Archaeology

Esse sim é um museu sobre o Egito antigo! Fica dentro de UCL, uma das maiores universidades de Londres e com um dos maiores departamentos de arqueologia do mundo. Existe um conjunto de peças muito bem preservadas, mas o foco não fica nos sarcófagos. Realmente, vale a pena ir ver. E tem um calendário de eventos legalzão, com várias atividades para o público conhecer melhor o museu. Fica pertinho do British Museum. Pesquise no google maps. 

(Não fiz foto)

Entrada franca (não seja cuzão e deixe algumas moedas de doação).
Sem áudio guia, mas com um mapinha explicativo.

British Library

Sim. Tem um museu dentro da British Library onde são expostas publicações raras de autores importantes da literatura inglesa. Virginia Woolf, Sir Conan Doyle, Charles Dickens, Lewis Carroll são nomes que lá estão. Também há partituras originais de Beethoven e muita coisa legal. Eu sei que parece chato ficar olhando para livros velhos e papeis, mas, por favor, o lugar preserva a Magna Carta de 1215! Tem cartas trocadas entre o rei Henry VIII e Anne Boleyn! Bilhetes de padaria do John Locke. Qualquer um com mais de dois neurônios quer ver essas coisas. Além disso, o museu tem lá sua interatividade, com narrações das rádios da BBC de livros clássicos. Também tem um lugar imenso só para que gosta de filatelia e mumismática. Eu acho interessante. Também há exposições itinerantes. Ano passado, foi todo dedicado a Magna Carta e Alice no País das Maravilhas. A lojinha tem temas que vão se alterando de acordo com o que vai sendo comemorado. Bem legal. 

Não paga nada para entrar, mas a lojinha é bem cara para quem gosta de coizinhas personalizadas. 
Sem áudio guia, mas seria inútil. 

Museum of London

A melhor curadoria de um museu que eu já vi na minha vida. O prédio mais moderno. Esse lugar é fora de qualquer coisa que pode ser pensado por uma mente do terceiro mundo. Mantido pela cidade de Londres, o Museum of London fica próximo da St. Paul Cathedral, em Barbican. Você pode visitar em ordem cronológica tanto num sentido quanto no outro. Parte do princípio de remontar cenas da cidade. Desde a pré-história até os jogos Olímpicos de 2012. O ponto alto do museu é o período do Império Romano. O prédio é moderno e foi construído ao lado do chamado London Wall, um conjunto de muros erguido quando os romanos ainda mandavam por aqui. Abriam uma janela que dá uma visão panorâmica dos muros. É genial e detalhista. O museu parte do princípio de misturar coisas montadas com peças originais de escavações. Uma boas três horas muito bem investidas da sua vida. 

Entrada franca (tem a melhor lojinha de museus de Londres. Não seja pão duro e compre algo que custe mais de £10 e não foi feito na China)
Tem áudio guia. É tão bem curado que não precisa nem de mapinha. 

Churchill War Rooms

Esse é um dos museus do conjunto de Imperial War Museums. Trata-se de um bunker de guerra de verdade montado para administração do gabinete de guerra de Winston Churchill, o maior líder político da primeira metade do século XX. Sem exageros: serve para ter uma aula de civilização bélica. Churchill mandou a escavação ser construída embaixo de um prédio público em frente ao St. James's Park, exatamente no lado oposto ao Palácio de Buckingham e próximo da casa oficial do primeiro ministro, 10 Downing Street. Detalhes, detalhes e detalhes. Desde o museu dedicado a vida do Churchill, passando pelas salas de transmissão da BBC, sala de mapas, gabinete de reuniões, dormitórios dos homens do gabinete de guerra, quarto da mulher do Churchill e o quarto onde ele dormiu menos de três vezes, mas fez discursos ao vivo transmitidos pela rádio. Curadoria precisa e muito cuidado na preservação do banker. É possível ver a estrutura de aço que protege o local de bombardeios, cozinha, tudo. A história da segunda guerra passou por ali e quando a guerra acabou o local foi fechado e só reaberto depois da morte do Churchill. Os britânicos nos ensinam uma coisa genial: vai civilizar a humanidade quem nos convencer da melhor história. 

Paga para entrar. Pesquise os preços atualizados no site. Estudante tem desconto. 
Áudio guia incluído no valor do ingresso. 

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