sábado, 28 de novembro de 2015

Handshake, e sem três beijinhos, por favor!

Ninguém sabe exatamente como surgiu esse negócio de apertar as mãos. Sou adepto da tese de que isso começou com a necessidade das pessoas mostrarem o próprio desarmamento, um gesto de ratificação do contratualismo social ou uma mera forma de apresentar seus bons interesses. Quem sabe, apenas, demonstrar que não se tinha maus interesses, o que já era uma grande coisa. Vai saber.

No Reino Unido, o aperto de mão é a forma mais próxima de cumprimentar alguém. Na verdade é a única forma próxima. Eles não ficam dando beijinhos no rosto como os portugueses, brasileiros e franceses. E eu tenho adorado isso. Coisa que tive que reaprender aqui é a apertar a mão. Meu american style quase quebrou os dedos de alguns ingleses nos primeiros meses. Eles não gostam de aperto de mão forte. Até te olham desconfiado. É um aperto de mão estilo mulherzinha pra todo mundo, inclusive para as mulherzinhas. Tipo assim, oh: 


Quem fica com a mão em cada lugar, eu não sei. É coisa do momento. 

Aqui na Inglaterra também "foi inventado" o handshake scout. É um aperto de mão usado pelos seguidores de Lord Banden Powell, um militar e educador que é tido como fundador do escotismo. Ele sugeriu que os jovens deveria adotar um antigo costume medieval e cumprimentar com a mão esquerda. Literalmente, a mão que segura o escudo, o que mostraria confiança mútua etc.

Mas os escoteiros daqui apertam a mão de um jeito diferente dos brasileiros, que adaptaram uma "shake" a mais, cruzando os dedos mindinhos no final da mão. Aqui eles só usam a mão esquerda mesmo, e apertam com mais força que os britânicos que não fazem parte do movimento escoteiro. 

Gosto muito desse texto sobre a ciência do aperto de mão

***

Sou do tipo de gente que não gosta de dar três beijinhos no rosto de ninguém!!

O que gostaria de defender aqui, publicamente, é um pouco de complacência para com um tipo de gente absolutamente desaculturada pelos francofonos. Explico: mesmo que o aperto de mão tenha suas origens sem uma tese histórica muito sólida. É praticamente impossível imaginar que o beijo no rosto tenha se popularizado em outro lugar, além da França. Sempre os franceses! Esses inventores da frescura e inutilidade estética.

E é lá que esses bises sur quelque lieu foram repetidamente usados por qualquer um, e em qualquer situação. Reis beijando súditos. Súditos beijando lixo.

Sou uma pessoa resistente ao beijo no rosto. Detesto correr o risco de pegar algum vírus ou sentir aquele gosto azedo do excesso de maquiagem das mulheres sem noção. Um pouco mais de intimidade, antes disso, por favor. Ou que me autorizem a beijar outros lugares. Aí tudo bem! Mas nunca me deixam.

Sempre que consigo, cumprimento, inclusive as mulheres, com um aperto de mão, tomando o cuidado de ser menos bruto e mais reverencial, inclusive na curvatura da postura. Mesmo assim, muitas gente - homens e mulheres - insistem nisso de aproximar o rosto para beijar, numa completa falta de sensibilidade. Eu não quero o beijo e o abraço de qualquer um, a qualquer momento! 

Aliás, acho que tirar o chapéu é a melhor forma de cumprimento, bem de longe. Já está bom demais. Quanto mais longe, melhor.

Claro que não sou o único assim. Existem outros de postura bretã. A resistência ao beijo no rosto não é uma falta de cortesia ou um xingamento à mãe. Trata-se a penas da reserva de distância e, obviamente, como toda regra, foi feita para se espatifar nos momentos oportunos, quando existem interesses mútuos a serem realmente compartilhados.

Não há nada pior do que ser apresentado a qualquer um, em uma circunstância muitas vezes formal, e sair por aí distribuindo bitocas. Os mais destemperados ainda são aqueles da ideia "três beijinhos pra casar", insistem. Aghhh! Que nojo!

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