segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Diário de Londres: jardins e cemitérios

Vou tentar falar de coisas agradáveis. Descobri que falar do Brasil, não estando no Brasil, faz você parecer aquele chato do Chico Buarque. E só o Fábio Jr. é tão chato para tentar ser parecido com o Chico Buarque. Ou seja, uma coisa pior que a outra.

Nesse final de semana, houve uns dias simpáticos e primaveris. Então, variei minhas excursões dos pubs e arms para alguns lugares "diferentes". E também chega uma hora que o cara cansa de se embebedar. Então, aguentem.

Londres tem aqueles pontos turísticos que todo mundo conhece. O Parlamento, os palácios de Kensington e Buckingham, a London Eye. Esses lugares tomados gente de educação duvidosa, comumente chamados de turistas. Mas existe um turismozinho mais alternativo e eu vou recomendar. Não sei exatamente como chamar esses lugares. São little gardens, parks ou squares. Certamente, não tem nada de "little" no Hyde Park, mas o caso é que existem muitos parques e praças fora da visão do público em geral. Literalmente, escondidos. Você só vê, se procurar.

Postman's Park
É o meu preferido. Já devo ter ido lá umas 15 vezes, sem exagero. O mais surpreendente desse lugar - e eu não sou lá cara de me surpreender com qualquer coisa - é o sentimento de culpa. Esse jardim é um clássico próximo do Museum of London e da St. Paul's Cathedral. Você pode passar por ali quando for fazer essas visitas tradicionais. O Postman's Park é um cemitério com mais de 200 anos e foi transformado em memorial no início do século 20. Para quem viu o filme Closer: perto demais e tem o mínimo de dignidade humana, o lugar é meio sagrado. Poucos metros quadrados acabaram concentrando muito sentimento de passionalidade. Visitem. E assistam o filme.

Em tempo: Sim. A Alice Ayres existiu. Não. O corpo dela não foi enterrado lá. É só um memorial, mesmo. Mas muito daquela coisa humana ficou escondida em Postman's.

St. Barthlomew
Perto do Postman's, está uma igreja pré-reforma, também encrustada no meio de uma quadra e rodeada de prédios. Fica impossível ver, sem procurar o portão de entrada. St. Bartholomew deu origem a um dos maiores hospitais de Londres e o seu jardim fica igualmente escondido. É um caso clássico de cemitério e templo religioso. O lugar é lindão. A igreja original é do século 12, mas agora é Anglicana, claro. Você paga 4 pounds para entrar na Igreja. Nem precisa entrar. Guarde os 4 pounds para um pint da Fosters. Tem uns pubs logo ali na volta. Lugar de gente fina, elegante e sincera.



St. George's Garden
Tradicional caso de cemitério abandonado fica próximo à movimentada Russell Square. Outro lugar que, sem procurar, não se vê jamais. Eu entrei ali por acidente, quando o Google Maps me sugeriu um atalho. Além de lindo, o lugar é bem frequentado. A região é universitária e a "galera" vai ali para almoçar e descansar um pouco no final da tarde. Também tem uns maconheiros. Bem frequentado, como eu disse. O jardim é o mais bem cuidado que vi. As lápides foram colocadas de lado na medida em que foram caindo. Normal. Tem sepultura com mais de 300 anos!


Bunhill Fields
Esse é cemitério mesmo, povo. São quatro hectares e você só vai lá para ir em Bunhill, sem outra coisa para fazer. Também não há velório há uns bons 100 anos, e isso dá um clima de parque ao lugar. Em Bonhill, estão enterrados homens e mulheres importantes da Londres que ainda não havia sido bombardeada pela primeira guerra. Vou só citar o nome do William Blake. Ele mesmo. As portas da percepção estão escancaradas lá. Vá a Bonhill, especialmente, se gosta de ver esquilos. Eu não recomendo ficar dando comida para os bichos por questão sanitária, mas os turistas fazem isso. É esquilo para todo lado.

P.S: Não vou ficar botando endereços aqui porque você pode procurar no Google Maps. Outra coisa que eu recomendo: passe numa loja da O2 e compre um chip de celular por 15 pounds. Funciona até debaixo da terra. É ilimitado mesmo. Funciona o mês inteiro. Não é como no Brasil (eu prometi não falar do Brasil. É mais forte do que eu). Você pode colocar os endereços nos Google Maps e ir caminhando. Tudo isso está na zona 1 do underground. Fácil de achar. Barato para circular de trem.

P.S+: Se eu fosse bom em tirar fotos, não precisava escrever, né? Desculpem-me.

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