Defender o governo brasileiro tem se tornado uma tarefa bastante excêntrica. O cara precisa apoiar o ministro, mas torcer o nariz para os cortes na educação. Precisa bater palmas para o bolsa família e lacrimejar em silêncio em cima da conta de luz com reajuste de 60%. Precisa prestar continência para o ministro do trabalho, e assistir os desempregados batendo lata na frente das fábricas, enquanto perdem seus trabalhos. Imagina a dor na alma do cara que não consegue abastecer a SUV nem comprar a passagem em dólar para paris, na primavera. Esse cara, precisa continuar apoiando os gastos públicos exorbitantes e não consegue se safar de pagar a conta e dizer que é assim mesmo.
Não tá fácil para ninguém. Imagina a situação do militante que precisa assistir seu dinheiro não prestar nem para troco da bala no supermercado e balançar a bandeira do partido no final do dia. "São os sacrifícios que todos precisam fazer, em troca do bem comum". Imagina o cara que precisa ignorar os olhinhos tristes do Eduardo Suplicy dando com o nariz na porta da rainha mãe, com sua arrogância magistral. Assistir o Partidão tapar os ouvidos para a população toda, cada vez mais burocrata e distante. Ter que assistir a rainha falando sobre corrupção do lado do presidente negão-gente-fina dos States. O divórcio entre Lula e Dilma. Afinal, o barbudo é semi-analfabeto, mas não é burro de assistir o barco afundar sem pular no primeiro bote.
Todas as religiões levam a Deus. Mas a respeito do petismo eu não tenho muita certeza.
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Eu sou a favor do financiamento empresarial da campanha. Também sou a favor de aprovar uma lei que obrigue os financiados-eleitos a usarem o logotipo da empresa financiadora no paletó do terno. Tipo camiseta de futebol, sabe? E toda vez que ele se pronunciar no Congresso, ou em entrevista coletiva, deveria ser obrigado a citar o slogan do patrocinador: "lugar de bandido é atrás das grades. Apoio: construtora Odebrecht, sua casa, nossa licitação". "O estado precisa tomar de quem tem e dar para quem não tem. Apoio: MST e CUT, sua liberdade termina onde começa nosso assentamento". E assim por diante. Seria muito mais divertido.
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Também sou a favor da completa privatização da democracia. A gente poderia financiar os eleitores gregos para que eles escolhessem nossos representantes. Seria uma espécie de aristocracia eletiva. Imagina só? Também não tenho dúvida de que sairia muito mais barato.
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