
No meio do universos de inutilidade que escrevemos no papel, existe a lei "andar do elevador". Em São Paulo, a tal lei prevê multa. Sempre que eu fico esperando um elevador e olho aquela plaquinha infeliz, penso: como diabos, chegamos em um patamar tão fundo da ignorância e da burrice legislativa?
É realmente inacreditável.
Seria como colocar na porta de cada lugar um aviso informando as pessoas para prestarem atenção no teto, afinal, a qualquer momento tudo pode desabar na cabeça daqueles que estão ali.
Me vi em lençóis sujos no dia em que tive que explicar o tal aviso a um amigo gringo. Óbvio que não fez o menor sentido na cabeça dele. "Quem vai entrar dentro do elevador se a porta abriu e ele não parou ali?"
Ninguém está isento de sofrer um infortúnio, seja pela própria burrice ou pela incapacidade do dono do elevador de manter a manutenção em dia, mas só um coletivo de macacos é capaz de pensar em resolver isso através de uma lei, estampada em uma plaquinha.
Mais do que isso: em São Paulo, a tal lei prevê multa, caso o infeliz desabe no poço do elevador. Ou seja, o cara se arrebenta e é punido. Se o andar da queda for muito alto é provável que ele morra e seja punido. A lei não diz nada sobre o responsável pelo prédio que não garantiu a segurança dos passageiros, nem cita a empresa responsável pela manutenção do veículo de condução vertical. Ninguém fiscaliza, claro.
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Em Porto Alegre, a prefeitura aprovou uma lei para multar pessoas que jogam lixo no chão ou descartam entulho em local inapropriado. Está vigorando. Sem fiscalização é uma lei tão útil quanto assistir a novela das oitos para entender física quântica. Nesse final de semana, percorri pela manhã o principal local de bares, restaurante e boates daqui, a Cidade Baixa, na manhã de domingo, os garis corriam contra o tempo para varrer as latas de cerveja e copos de plásticos espalhados junto a urina. E a lei? Tá lá. No papel.
Ninguém será multado. Ninguém será punido. Nada vai acontecer na prática. É nosso hábito retardado de escrever uma idiotice qualquer em um papel, virar as costas e pensar que o problema está resolvido.
Merecemos o que há de pior.
Menos governo e mais Estado, por favor.
Um comentário:
Forasteira q sou, um dia perguntei para um paulista, por que isso? A resposta foi que acontecia muito da porta abrir, mas o elevador não estar lá, a pessoa caia (claro), processavam os responsáveis e alguns ganharam. Merecemos mesmo!!
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