terça-feira, 24 de setembro de 2013

Todos os assentos são para idosos. Menos para os velhos cretinos

Nunca entendi os assentos preferenciais nos ônibus. Meu pai me ensinou que velho tem preferência sempre. Me ensinou outra coisa também, provavelmente retirada de outro lugar:

Respeite os velho, mas lembre-se: cretinos também envelhecem. 

Existem duas teorias a respeito da lei dos assentos preferenciais. Uma diz que os assentos são para idosos e pronto. Ninguém mais pode sentar o bundão lá. Outra teoria, igualmente estúpida, diz que os assentos reservados não são exclusivos, mas são preferenciais. Ou seja: na ausência dos velhos, qualquer bundão pode usar o espaço. Literalmente.


A polêmica existe com razão, porque a tal lei dos assentos não fala em "preferência", muito menos em "exclusividade". Ela fala em "reserva". É o terceiro artigo da lei 10.048 de 2000:

As empresas públicas de transporte e as concessionárias de transporte coletivo reservarão assentos, devidamente identificados, aos idosos, gestantes, lactantes, pessoas portadoras de deficiência e pessoas acompanhadas por crianças de colo.

Ou seja, os assentos devem estar reservados. Isso nos remete a identificação dessa reserva. Então, cumprindo a lei, as empresas encomendam ônibus com identificação apropriada, pintados e sinalizados com placas que podem ser lidas até por analfabetos.

Um decreto, aqui em Porto Alegre, consegue ser ainda mais confuso. O texto fala tanto em assentos "exclusivos" quanto "preferenciais". Não faz o menor sentido. Falta do que fazer do prefeito, com certeza. Isso, para mim, é irrelevante, porque a lei que segue valendo, ao menos na minha cabeça, é a ditada pelo meu pai, mais antiga e fácil de ser seguida: dê lugar para velhos e pessoas mais frágeis. Mulheres, inclusive. Sim. Eu sou daqueles que vê uma mulher gostosa e oferece assento. As feminazis chamam isso de machismo. Como eu prometo dar lugar e lavar a louça, as feminazis prometem me deixar em paz.

Por que estou falando isso? Vi muito mimimi nas redes sociais sobre os velhos sentarem em locais fora daquele destinado a eles. Assim, logo que o ônibus lota, as pessoas acabam

a) ocupando  os assentos marcados como preferenciais;

b) ficando de pé.

São duas alternativas nesse caso e não mais do que duas alternativas.

O mimimi sobre velhos em outros assentos é estúpido. Afinal, eles não são obrigados a sentarem nos acentos marcados. Não existe essa obrigatoriedade na lei, e isso faz com que a gente precise entender a lei como de assentos "preferenciais" e não "exclusivos".

A lei existe porque é a melhor forma de educar idiotas. A escola não serve para desempenhar esse papel. Educar idiotas é trabalho da lei e da fiscalização da lei. Perto da lei, a escola foi inventada na semana passada por um grupo de pessoas tão bem intencionadas que não serve para viver em sociedade.

Para quem acha essa posição muito radical, eu tenho mais liberalismo radical guardado na manga. Sempre. Aguentem essa: a lei dos assentos preferencias é hipócrita. Justa e educativa seria uma lei que tornasse todos os assentos preferencias, com exceção do lugar destinado ao motorista e ao cobrador. Esses precisam ter ser lugares garantidos, coitados.

Por que eu penso isso? Porque a maldita população, felizmente, está envelhecendo e, logo, o número de assentos preferenciais não será suficiente, especialmente, se levarmos em conta a qualidade de merda do nosso inexistente transporte público.

Sem mais, meritíssimo.

3 comentários:

Luiza Bento Cerqueira disse...

Só esqueceu de falar que os assentos são preferencias para obesos também!

Everton Maciel disse...

a lei 10.048 de 2000 não trata de obesos. É possível que alguns municípios tenham ampliado isso. Uma problema, absolutamente, contextualizável.

Everton Maciel disse...

a lei 10.048 de 2000 não trata de obesos. É possível que alguns municípios tenham ampliado isso. Uma problema, absolutamente, contextualizável.