segunda-feira, 18 de março de 2013
Moi, por eu mesmo
Estou com a ideia de colocar um site portfólio no ar. E, quando eu começo, eu termino. Esse é o texto de apresentação que eu fiz para o site. Quando estiver pronto, colocarei o link aqui. Palavra de escoteiro.
Decidi que escreveria durante todos os próximos dias da minha vida aos 10 anos de idade. Em maio de 1994, antes do corpo de Ayrton Senna esfriar, eu havia compreendido que a única profissão onde vale a pena passar fome é o jornalismo.
- “Me vê tudo que tenha o nome do Ayrton impresso na capa, tio”, foi o que pedi para o jornaleiro no dia dois de maio daquele ano.
Enquanto o país chorava, eu precisava entender porque a opinião publicada pode ser tão importante na vida das pessoas. Naquele momento, eu não sabia o que queria saber exatamente sobre a profissão. Hoje sei o que quero saber e não tenho a menor ideia da resposta. O jornalismo e eu mudamos desde o ano em que o Brasil conquistou o tetra. O que não muda é nossa capacidade de amar algumas coisas e odiar outras. É assim comigo e com a imprensa. Somos dois ignorantes, andando de mãos dadas e com os olhos vendados. Cada um esbarra em suas próprias árvores e desorienta o outro.
Leitor de qualquer bilhete rabiscado pelo Garcia Márquez, tenho uma edição de Chatô, o Reio do Brasil, com o ano de 2000 impresso na capa. Se alguém não sabe aos 16 anos o que vai fazer na vida durante os próximos 70, isso deve acontecer graças ao supermercado de alternativas. As alternativas estragam milhares de vidas todos os dias. O século XXI é um supermercado de alternativas para a geração Y. Já eu, fui da geração Coca-Cola, mesmo tento acabado o gás. Jamais escolhi o jornalismo. Fui escolhido por medida compulsória.
Vendi metade do meu corpo para a rádio e a outra metade para o jornal. A alma foi para a faculdade de filosofia, o lugar menos instável para se discutir ética e política. Na vida acadêmica, descobri que o estudo com critério e rigor científico pode deixar qualquer um ranzinza, mal humorado e antipático. Não parei mais de estudar.
O jornalismo medíocre é feito acidentalmente. O jornalismo bom é feito como se fosse acidental. Você não pode ir para a faculdade de letras e se formar Garcia Márquez.
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