Júnior Grings, de Palmas, TO
O desejo sorrateiro de qualquer indivíduo que se preze é
viver na corda bamba do entre o prazer, a realidade e a insanidade. Pode parecer
profanação, blasfêmia, mas esse é o lugar dos sonhos de qualquer pessoa dotada
de um pouco mais que meia dúzia de neurônios. Pode deixar que eu explico,
apesar da vontade imensa de deixar isso como está.
Nossas inquietações nos provocam, aguçam e latejam para buscarmos
sempre mais. Queremos ir ao limite do prazer, queremos chegar o mais próximo
da realidade e andar de braços dados com a insanidade, desde, é claro, que
tenhamos a passagem de volta à normalidade assegurada.
Exatamente por isso a corda bamba ilustra bem essa posição. Por
mais perigoso que pareça, por mais iminente que a queda pareça, ela ainda não
aconteceu. E, mesmo quando acontece, temos um último recurso: segurar na própria corda. Isso
é o normal da vida.
A anormalidade surge em meio a isso, e habita os dois
extremos. O primeiro é ter medo de se lançar na corda bamba, reprimir a busca
dos desejos, não querer o prazer, a realidade e o insano justamente por medo de
arriscar. Depois, quando não temos medo e nem preocupação com a nossa “passagem
de volta”, vamos em busca dos desejos sem parar.
Por isso, correr riscos é parte na nossa animalidade
racional, mas esse risco precisa ter, em certa medida, uma alternativa.
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