sábado, 4 de fevereiro de 2012

As Redes Sociais e o Prazer

Recebi por e-mail um texto bem escrito da minha colega Patrícia Xavier Bittencourt. A moça é advogada, mas, na intenção de se redmir, faz mestrado em Filosofia. Vale a leitura. Aqui o Twitter dela.

Acabo de ler o que seria considerado uma piada na internet. Era extremamente ofensiva e preconceituosa. Fiquei me perguntando: eu poderia estar fazendo sexo, assistindo a um filme, comendo um bolo de chocolate ou brincando com meu cachorro e considerei uma imensa perda de tempo ter ficado em frente ao computador e ler aquilo.

A internet é uma absoluta disseminadora de idiotices. Não é a única, é verdade, mas é inegável a deturpação do uso deste veículo. Desde a época do inofensivo e-mail, era comum recebermos correntes do tipo “repasse a 10 pessoas e verá seu desejo se realizar como mágica”. Muitos dos que se utilizaram deste expediente para realizar uma ambição devem estar no mínimo decepcionados.

Hoje recebemos links com as notícias mais desagradáveis, as fotos mais nojentas e as piadas mais imbecis, e achamos tudo isso consequência normal da modernidade. Estamos imersos em frivolidades. Mas não consigo achar isso normal. A internet tem que ser usada como ferramenta de informação e, por que não, de diversão. Mas não podemos abandonar o lado crítico sobre o que estamos consumindo através da tela do computador. Não é feita uma reflexão sobre o que recebeu, repassando-se em um clique para todos os seus “amigos” links sem conteúdo ou utilidade. As pessoas, de fato, correm sério risco de se tornarem menos inteligentes com o uso das redes sociais. Fazendinha feliz faz você acumular pontos, mas não faz você acumular nada na vida real.

Sinto falta do tempo em que ganhávamos cartões – de papel – e esse saudosismo não é exagerado, pois não descarto a realidade de que a internet será – se já não é - o grande veículo de comunicação, superando televisão e rádio. Mas se você pode ter o contato real, trocá-lo pelo virtual é se esconder da vida. É frustrante a idéia de não jogar mais cartas a não ser na tela de um notebook, ou deixar de fazer uma janta romântica com seu par para ver o que está acontecendo no Orkut e no Facebook.

O prazer real não pode ser substituído pelo virtual, pois o prazer virtual não existe. O prazer deve ser sentido na pele, na boca; deve ser experimentado. Enganam-se os internautas que pensam que se divertiram ao passar três horas da sua noite em frente a um computador. Ver um filme com pipoca, ao lado dos amigos, isso sim é vida. Second Life, não.

Um comentário:

Débora disse...

Concordo com grande parte do exposto - de fato a internet é uma absoluta disseminadora de idiotices e é exatamente isto que a faz um instrumento tão poderoso. As pessoas podem até estarem se tornando menos inteligentes do que eram antes da popularização da internet, mas isso apenas porque agora elas podem compartilhar muito facilmente qualquer coisa que pensam, o que antes cabia apenas aos profissionais bem instruídos dos "antigos" meios de comunicação. Se parecemos mais burros é porque não hesitamos em agarrar a oportunidade de deixar isso transparecer.
Além disso, afirmar que os internautas que se divertem por horas em frente ao computador estão enganados é, no mínimo, arrogante. Eu poderia dizer o mesmo dos infelizes que assinam paper view do BBB, mas não cabe a mim definir o conceito de diversão alheio.