Júnior Grings, Tocantins
Tudo bem, eu explico. Um artista vive da sua obra, ou da sua arte. Um artífice vive do seu fazer. Se preferirem, "seu fazer com arte”. Quem diferencia os dois é o tempo, única e exclusivamente. Obra de arte não pode ser efêmera. Ela precisa de história, contexto, vida e talvez até espírito. O seu produtor ou quem lhe produz, terá que expressar isso com sua técnica na obra. Mas ela só vai se concretizar como obra de arte, se isso permanecer e se construir com o tempo. Se isso não acontecer não passará de um “fazer com arte”.
Agora que vem o problema estético, ou digamos o quase-problema-estético brasileiro. A maioria dos artistas tupiniquins não consegue sobreviver sem seus estereótipos. Ser artífice ou artesão é demérito, mérito mesmo é ser artista. Indo além, a grande maioria da população brasileira não suporta a ideia de seu gosto cultural não ser por obras de arte. Ou seja, se eu não tenho um bom gosto estético, transformo o meu mau gosto em boa estética.
Mas, como eu disse antes, na arte e na estética o tempo é o senhor. Quando uma obra não tem história, contexto, vida e espírito ela cansa fácil. Precisa ser substituída, se torna efêmera. E efemeridade não dá obra de arte. Para encerrar, um mau conselho: se fosse bom eu não dava, devemos curtir muito os artífices. Cada dia mais, aliás, pois, a chance de curtimos um artista pessoalmente é baixíssima – geralmente esse título vem muito depois do seu tempo.
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