quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

As coisas são como eles querem que elas sejam

Jr. Grings, Campos Lindos, Tocantins

Para Walter Benjamin, filosofo alemão que morreu durante a segunda guerra mundial, uma das funções sociais mais importantes do cinema e da televisão é criar um equilíbrio entre o homem e o aparelho que reproduz determinado evento. Isso acontece não pelo modo que o homem se representa diante do aparelho, mas sim, pelo modo que ele representa o mundo, usando esse aparelho.

O que eu quero dizer com isso? Que a ótica dos acontecimentos reproduzidos nunca poderá ser a ótica dos acontecimentos; será, sim, a ótica de quem está controlando esse aparelho de reprodução, ou então, a ótica do aparelho de reprodução.


Trocando em miúdos, sempre que vou usar algum aparelho para reproduzir um acontecimento, seja máquina fotográfica, filmadora, gravador de som, enfim qualquer aparelho de reprodução, estou representando o acontecimento ao meu modo, e não como ele aconteceu. Se por algum modo, eu tenho ferramentas e oportunidades de interferir seja no acontecimento ou na sua reprodução de maneira que altere ou possibilite a alteração do acontecimento. A representação desse acontecimento será de resultado única e exclusivamente da minha ótica, estarei expressando minha versão do acontecimento e não o acontecimento em si.


Isso acontece muito, por exemplo, com a fotografia de determinadas personalidades. Buscam os melhores ângulos, as melhores luzes, as melhores maquiagens para o resultado ser exatamente o almejado. Também é muito comum acontecer isso com a televisão. Nos programas gravados, pela repetição, teste e cortes e edições. Já nos programas ao vivo por interlocutores, ângulos de filmagens e luz.


Resumindo, por mais que pareça, por mais tentador que seja, você nunca está vendo o que aconteceu realmente na televisão, e sim o que determinada emissora quer que você veja. Isso é ruim? É conspiratório? É manipulação de massa? Não necessariamente, isso é apenas a maneira com que processo de reprodução ocorre. As intenções e possibilidades ficam por conta da ética e isso é assunto para o Everton.

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