segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Cinema Uruguaio

Tenho dois filmes uruguaios para recomendar.

O primeiro é franco-uruguaio-brasileiro: "O Banheiro do Papa". Conta a história da visita do Papa João Paulo II ao Uruguai. O Santo Padre realmente esteve na cidade de Melo, na fronteira com o Brasil, em 1988; de resto, quase tudo é ficção, mas a dura realidade e a pobreza do subúrbio uruguaio se sobressai. A pequena cidade se preparou para receber o Sumo Pontífice em meio aos duros problemas sociais e buscando explorar comercialmente o evento da forma que podia. Um dos seus habitantes, Beto (César Troncoso),
tem a ideia de construir um banheiro para acolher os visitantes vindos, especialmente, do Brasil. Sua mulher e filha se envolvem na empreitada. A guria sonha em ser jornalista - tadinha! - e seu pai quer que ela compreenda a pobreza da família e vire "mula", trazendo pequenos contrabandos do lado brasileiro da fronteira. O filme explora ainda a imprensa televisiva uruguaia e sua forma romanceada de trabalhar com eventos noticiosos. A direção é de César Charlone e Enrique Fernández. O filme participou do festival de Cannes em 2007.

O filme é bom, porque não tenta salvar o mundo. Filme que tenta salvar o mundo é sempre ruim.


Outro filme bacana é "Gigante". Esse participou do festival de Berlim em 2009, com direção de Adrian Biniez. O ator Horacio Camandule interpreta o vigilante de um hipermercado, Jara, que trabalha nas madrugadas e tem uma vida muito tediosa. Ele acaba se tornando uma espécie de Big Brother em seu próprio local de trabalho; até que se apaixona por uma colega faxineira (Leonor Svarcas) e começa a seguir a moça, através do monitoramento das câmeras e pelas ruas de Montevidéo. O filme explora com sensibilidade os problemas de dois jovens pobres do subúrbio e desenha com muita precisão uma plataforma romântica bastante incomum para o cinema e muito fácil de ser visualizada no mundo real.

Detesto filme baseados em fatos reais. Adoro filmes que compreendem a realidade.

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