segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Opinião você pode ter; já razão...

Desenhe seguinte cena: atropelamento na Oswaldo Aranha, em Porto Alegre. A vítima é atingida por uma Kombi que vinha a 5okm/hora. O cara fica fica estatelado, ensanguentado e inconsciente a 30 metros de distância. Você passa por perto, dá uma olhada no moribundo e comenta: "Ih, fudeu! Está mexendo o olho e o pé, mas não tem volta. Certo que vai bater as bostas!" Daí chega um cara do seu lado e pondera: "Não, não. Tem volta, sim. É só o socorro ser ágil e proceder uma cirurgia de emergência. Precisa ser rápido e calculista. O hospital não fica longe. Com certeza, dá tempo. Sou médico. Estudei 5 anos isso e tenho certeza que dá para reverter. Vai precisar de fisioterapia, para voltar a caminhar, mas a coluna está intacta". Então, você recalcula sua conclusão precipitada e admite: "Ah, bom! Se é assim, sim. Você estudou para isso e entende da coisa".

Cena número dois: Marcha da família por Jesus. Um padre vocifera num megafone contra união civil de homossexuais, contra o aborto e prega a respeito dos ideais e benefícios da família cristã. Defende o ensino religioso nas escolas, para que os valores morais de Jesus Cristo sejam aceitos por todos. Você olha e diz: "Está certo. Aborto, viadagem, maconha, putaria... essas coisas são inconcebíveis. Não podem ser toleradas. A sociedade está perdida, se aceitarmos essas barbaridades!". Até que chega um cara do seu lado e discorda: "Não. Na realidade, a opinião dele é um absurdo. Ele fala com base em valores morais que não representam toda a sociedade e são impossíveis de serem universalmente aceitos. Essas coisas são tão absurdas que não encontram respaldo teórico algum fora das crenças fundamentalistas de uma religião monoteísta específica. Não se pode fazer ciência disso, muito menos elaborar uma filosofia moral séria que defenda esses ideais bizarros. Sou formado em Filosofia, mestrado em Sociologia, doutorado em Antropologia e estudo há 30 anos essa conversa toda". Daí você olha para seu interlocutor e diz: "Essa é a sua opinião! Eu tenho a minha!"

Opinião todo mundo tem uma. Incontestavelmente, algumas são melhores.

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