Como todos vimos, no último domingo, o técnico Dunga deu uma esculhambada geral numa coletiva. Demorei para processar aquele aglutinado de ranço. Ouvi vários repórteres de rádios que estavam lá, a poucos metros de Dunga e Alex Escobar, no momento em que a entrevista acontecia.
Dunga precisa de um intensivo com a Glória Kalil, ninguém contesta. Mas o episódio em Joanesburgo não foi motivado pelo ex-jogador descoberto nas categorias de base dos sete anões. O repórter da Rede Globo Alex Escobar, escalado para sabatinar Dunga durante a coletiva, manifestava sinais de desaprovação ao técnico, movimentando a cabeça negativamente e criando uma situação digna do constrangimento patrocinado apenas por menores mentais.
Mesmo que Escobar se julgue importante, as câmeras não estavam voltadas para ele. Só vimos o resultado de seu comportamento: um gaúcho com o temperamento violento desferindo xingamentos em voz baixa, mesmo que audível.
Certo é que a briga não começou na capital da África do Sul. Todos vimos a campanha mal acabada que vários veículos da imprensa movimentaram contra a escalação feita por Dunga.
Vivi num tempo em que qualquer entrevista coletiva tinha como personagens centrais alguém que serviria de fonte e repórteres preparados para sabatinar sem perder a cabeça com suas opiniões pessoais. No mínimo, guardavam suas posições para serem manifestadas na volta à redação ou, quando muito, transformavam seus anseios em perguntas objetivas e elegantes.
Não satisfeita, a direção da Rede Globo permitiu que o incidente fosse editorializado na voz de Tadeu Schmidt. O Homem Bola Murcha cumpriu o papel de papagaio de pirata. Tudo que conseguiu foi uma campanha no Twitter com o slogan "CALA BOCA" (sic) somado ao seu nome.
Num país onde se praticasse jornalismo sério, sairia barato se Escobar apenas fosse mandado de volta para casa e ficasse afastado algumas semanas dos microfones. Sabemos que não é o caso.
Seria fácil aproveitar a oportunidade de levantar a mão durante a coletiva, aguardar o momento de olhar no olho do técnico Dunga e questionar o desempenho da Seleção em alto e bom som. Deixaram a oportunidade passar. Faltou hombridade. Diante de um jornalismo esportivo tomado por mulheres - coisa que todos aprovamos, a dupla Escobar-Tadeu fez papel de bonequinha.
Um comentário:
Cara! Tu não deves ser reporter da Globo, né? Pois muito sábias tuas palavras!
Parabéns mesmo! Não é defender o Dunga dizendo que deve tratar assim as pessoas, mas realmente, a parcialidade da Rede Globo apavora e revolta qualquer um que tenha capacidade de compreender as coisas que se passam. E esta aí, na internet, a prova que a Globo por meio de Tadeu Schimidt jogou lenha na fogueira!
Abraço,
Rafael Lip
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