terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Gostam de comparar, né?

Para defender a exigência de um diploma específico, os sindicalistas cretinos compararam jornalismo à medicina, engenharia e outras profissões essencialmente técnicas durante muito tempo. Agora, acabou.

A publicidade brasileira está entre as melhores do mundo. Nosso jornalismo rasteja entre as coisas mais baratas feitas no planeta. Foram 40 anos da ditadura do diploma. Massas, formadas com um ensino ostensivo para as redações, foram "habilitadas". Já os publicitários, nunca perderam seu tempo com um golpe protecionista tão barato.

Coincidência?

Uma boa resposta para essa questão chupei e colei do Formspring do Marcelo Soares, jornalista, tradutor e O Cara.

Sempre fui contra a obrigatoriedade - mas a favor da noção de que o melhor jeito de se aperfeiçoar como jornalista é estudando jornalismo.

Se existe um lugar de onde podem sair as inovações que impulsionem a profissão nessa época de crise, é um ambiente onde há profissionais pagos para pensar no jornalismo. Teoricamente, o lugar privilegiado para isso são as faculdades. Mas aí vem o ponto onde eu divirjo. É possível comprovar com números do INEP que a obrigatoriedade premiou com um mercado garantido o boom de faculdades medíocres surgidas nos anos 90.

O mesmo efeito acaba acomodando as médias e as boas, também. Se o obrigatório é o diploma, tanto faz o que a faculdade desenvolve - na hora do vamos-ver, um diploma da excelente UFSC vale tanto quanto o da Uniban, dos alunos que hostilizaram a Geisy. Não é exatamente um estímulo, concorda? Tanto é assim que a pesquisa em jornalismo que se faz por aqui, pelo que vejo nos artigos que saem em congressos e revistas acadêmicas, é na maior parte dos casos inútil para o avanço da profissão. Parece enxugar gelo, ou preocupado mais com adjetivar os fenômenos do que propor novas formas de fazer jornalismo.

Acho que uma boa regulamentação seria semelhante à da publicidade. Publicitário não precisa pedir licença ao governo pra exercer a profissão, sequer o diploma de publicitário é obrigatório. A profissão está aberta a gente de outras áreas, também. Mas nem por isso as faculdades deixam de ter uma demanda imensa e de procurar acrescentar o máximo possível ao que os alunos já trazem de casa. E a publicidade brasileira é uma das melhores do mundo - enquanto o nosso jornalismo está longe de ter picos de excelência como um New York Times ou um Guardian. Acredito que há alguma relação.

A questão não é o diploma ser obrigatório, é o curso se fazer necessário.

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