segunda-feira, 5 de março de 2007

Viciar

Com vistas à última postagem do colega Jonas, vou de alguma forma relacionar o meu texto. Todavia, procurarei limitar o meu texto aos vícios em si. Impossível falar em vícios, sem mencionarmos escolhas, condicionamentos e liberdade. Para tanto, não poderíamos deixar a visão de Jean Paul Sartre de lado.
Sartre, com muita propriedade, acredita que nosso único condicionamento é a liberdade. Estaríamos, segundo ele, fadados a sempre fazermos escolhas. Em qualquer situação, por mais pressionados que parecemos estar a escolha interior de aceitar ou não é sempre nossa. As influências que podemos ter, serão sempre de apegos culturais e sociais. Logo, estão fora de nós, e podemos por elas optar.
Visualizando. A visão de Sartre, com os vícios, conseguimos ver de uma maneira clara, que somos os maiores responsáveis por adquiri-los, mesmo sofrendo influências dos meios em que vivemos e convivemos. Acredito que até aqui não tenhamos grandes novidades. Alguns podem bater um pouco mais na tecla dos condicionamentos sociais, mas isso seria um prolongamento, que a meu ver é pra lá de desnecessário.
Quero aqui, mostrar o que vejo como maior erro de interpretação nesse tema. Somos diariamente bombardeados com frases, como “o cigarro vicia”. Afirmo com imensa certeza que o cigarro não vicia ninguém. Nós que nos viciamos ao fumar. Esse ponto de vista que contraímos de maneira desfocada, e que nos faz inverter o sujeito da oração, é o grande mal a combater. Pois, enquanto jogarmos o objeto com o agente maligno da questão, estaremos afastados da cura e da superação do nosso vício.
Não podemos de forma alguma combater o objeto vicioso, e sim nosso comportamento para com o tal. Uma simples inversão de sujeito faz com que mentalizamos a questão de outra forma, não deixando a escolha para o objeto vicioso e sim para nós, os viciados.

Júnior Grings

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