sábado, 28 de outubro de 2017

A Era dos Extremos

A Era dos Extremos é o nome mais apropriado que alguém poderia dar para um livro que tenta contar a história do século XX. Eric Hobsbawm foi o maior historiador da contemporaneidade não apenas pela precisão e arqueologia, deveres da função, mas pela concisão e capacidade de chegar às massas. No ano em que precisamos lembrar dos 100 anos da Revolução Russa, da fome e histeria que ela produziu, nada mais prudente do que reler Hobsbawm. 

É preciso reler para não esquecer de Nixon e Che Guevara. Thatcher e Mikhail Gorbachev. A euforia da queda do muro de Berlim, o fim da cortina de ferro, e o início da guerra do Golfo são coisas intimamente relacionadas. 

O Brasil é um país tão atrasado que chegamos na década de 90 apenas agora. Somos o final de um livro que ainda está sendo reescrito. Não entendemos que rearrumar o populismo nos levou a volta das elites ao poder e não admitimos que existam elites, porque nos julgamos esclarecidos demais para seremos ludibriados. Um traço indelével do ludibriado é o iluminismo. Assim como o desejo de melhorar o mundo é marca registrada dos ditadores mais autoritários. 

O ano de 2018 será o "topo" do nosso declínio moral e intelectual, sopé da nossa curva humana! Sem reformas políticas e com figuras messiânicas que renderiam mais em púlpitos de igrejas do que em cargos públicos. Alguém pode tenta justificar que se trata de um fenômeno global, citando Trump, Brexit ou separatismo Catalão. Mas não. Somos especiais porque não temos passado e não admitimos pensar no futuro. Não temos o saudosismo dos "bons tempos" e aqueles que justificam dizendo que houve um passado melhor sofrem de amnésia conveniente. Afinal, não entendem o quanto são responsáveis por nos trazer até aqui. 

A era dos extremos está apenas começando. 

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