O que aconteceu no presídio do Amazonas identifica o resultado de anos de movimentos predatórios de uma esquerda burra e de uma direita tão desorientada que não presta nem para ser chamada de conservadora. O único debate sobre presídios no Brasil, em 30 anos, busca rechaçar ou justificar a ideia idiota de que bandido bom é bandido morto. A pergunta correta é: como deve ser um sistema penitenciário para que ele melhore a vida das pessoas, dentro e fora dos presídios, ou seja, melhore a segurança pública em geral?

Quase 60 pessoas foram decapitadas dentro de um local que deveria estar sendo controlado pelo estado com o mais alto rigor, atenção que o comportamento de presos requer em qualquer lugar do mundo. Mas, pelo jeito, somos especiais por aqui. Armas, celulares, festas e visitas descontroladas são a regra, em meio a um regime de permanente exceção. A esquerda culpa a terceirização, porque não conhece um lugar onde a terceirização funcione. O lugar onde a privatização funciona é a civilização, tão distante de uma teoria de esquerda que nem toca sua concepção de Estado. Já a direita acha que é assim mesmo: matem-se os bandidos, não são flores para serem cheiradas. Não preciso nem lembrar que essa é justamente a posição dos próprios bandidos. Então, todo bandido é de direita, mesmo aqueles que se dizem de esquerda.
Apenas os menos ignorantes são capazes de compreender que os mais interessados em um sistema prisional falido é justamente o criminoso. A imbecilidade também ignora o fato de que 40% dos presos de um país estão encarcerados em regime provisório, por roubarem um pote de margarina no supermercado ou darem uns tapas na mulher. Presos sem condenação e aguardando a morosidade de um sistema judiciário incompetente, útil apenas para sustentar juízes corruptos e funcionários marajás.
Somos tão burros - mas tão burros - que preferimos discutir a redução da maioridade penal. Não nos importamos com o limite de encarceramento de 30 anos para criminosos que deveriam passar o resto da sua vida na cadeia. Nossa imbecilidade é tanta que insistimos em ressocialização sem conseguir sequer controlar. Em matéria de idiotice não somos direita nem esquerda, somos todos ambidestros.
Nosso sistema jurídico passou de uma ditadura militar mongolóide e sem rumo para um ambiente onde impera o garantivismo e, consequentemente, a ideia bizarra de que tudo é permitido. E ficou proibido proibir, quando o direito do indiciado é tão volumoso quanto a sua conta bancária, capacidade de buscar advogados e manobrar recursos. Viajamos da proibição dos protestos para a banalidade da baderna. Sem escala.
Bandido bom é bandido julgado e condenado que cumpre a pena com o rigor da lei, debaixo dos olhos do Estado. Todo o resto é conversa secundária, disponível apenas para quem já resolveu o problema da base. Não é o nosso caso.
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