sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Bandido bom

Todos vocês devem estar um pouco cansados de ler coisas sobre segurança pública. Mas vou voltar ao assunto por dois motivos: primeiro, é uma questão atordoante para quem mora em grandes centros urbanos, como eu; segundo, porque não me importo com vocês; se quiserem parar de ler porque julgam muito chato, ok. Vá compartilhar gatinhos no feicibuqui e não perca seu tempo aqui.

O que aconteceu no presídio do Amazonas identifica o resultado de anos de movimentos predatórios de uma esquerda burra e de uma direita tão desorientada que não presta nem para ser chamada de conservadora. O único debate sobre presídios no Brasil, em 30 anos, busca rechaçar ou justificar a ideia idiota de que bandido bom é bandido morto. A pergunta correta é: como deve ser um sistema penitenciário para que ele melhore a vida das pessoas, dentro e fora dos presídios, ou seja, melhore a segurança pública em geral?

Claro que é uma pergunta mais complexa e, portanto, não está a disposição de qualquer arigó se posicionar de forma clara e objetiva sobre o assunto. Governador do Amazonas (o velho caduco), Ministro da Justiça (o careca com cara de tarado) e presidente da república (vampirão fisiologista) fazem parte do grupo de incompetentes morais e intelectuais incapazes de pensar a segurança pública. Eles mostraram isso abrindo a boca, seja pela demora em se manisfestar ou porque ainda estão filiados à ideia de que bandido bom é bandido morto, sem saber muito bem o que fazer com a resposta em um mundo que não aceita mais sequer a pergunta.

Quase 60 pessoas foram decapitadas dentro de um local que deveria estar sendo controlado pelo estado com o mais alto rigor, atenção que o comportamento de presos requer em qualquer lugar do mundo. Mas, pelo jeito, somos especiais por aqui. Armas, celulares, festas e visitas descontroladas são a regra, em meio a um regime de permanente exceção. A esquerda culpa a terceirização, porque não conhece um lugar onde a terceirização funcione. O lugar onde a privatização funciona é a civilização, tão distante de uma teoria de esquerda que nem toca sua concepção de Estado. Já a direita acha que é assim mesmo: matem-se os bandidos, não são flores para serem cheiradas. Não preciso nem lembrar que essa é justamente a posição dos próprios bandidos. Então, todo bandido é de direita, mesmo aqueles que se dizem de esquerda.

Apenas os menos ignorantes são capazes de compreender que os mais interessados em um sistema prisional falido é justamente o criminoso. A imbecilidade também ignora o fato de que 40% dos presos de um país estão encarcerados em regime provisório, por roubarem um pote de margarina no supermercado ou darem uns tapas na mulher. Presos sem condenação e aguardando a morosidade de um sistema judiciário incompetente, útil apenas para sustentar juízes corruptos e funcionários marajás.

Somos tão burros - mas tão burros - que preferimos discutir a redução da maioridade penal. Não nos importamos com o limite de encarceramento de 30 anos para criminosos que deveriam passar o resto da sua vida na cadeia. Nossa imbecilidade é tanta que insistimos em ressocialização sem conseguir sequer controlar. Em matéria de idiotice não somos direita nem esquerda, somos todos ambidestros.

Nosso sistema jurídico passou de uma ditadura militar mongolóide e sem rumo para um ambiente onde impera o garantivismo e, consequentemente, a ideia bizarra de que tudo é permitido. E ficou proibido proibir, quando o direito do indiciado é tão volumoso quanto a sua conta bancária, capacidade de buscar advogados e manobrar recursos. Viajamos da proibição dos protestos para a banalidade da baderna. Sem escala.

Bandido bom é bandido julgado e condenado que cumpre a pena com o rigor da lei, debaixo dos olhos do Estado. Todo o resto é conversa secundária, disponível apenas para quem já resolveu o problema da base. Não é o nosso caso.

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