segunda-feira, 20 de junho de 2016

Saindo do velho e chegando no velhíssimo continente

Nas minhas escalas para o Brasil, estavam a cidade de Paris e Barcelona. Muito bom isso. O cara volta a se acostumar com o raciocínio latino, aos poucos. Estou, e cada vez mais, convicto de que o nosso problema é um caso de raciocínio linguístico. Somos mortos pelo excesso de humanidade. Nórdicos e Alemães, mais espertos, preferem matar os outros pelo excesso de humanidade que convém para eles, claro. Por que há pichações nos prédios da maravilhosa arquitetura de Paris? Porque há parisienses em Paris e parisienses, gostando ou não da ideia, são tão latinos quanto os cidadãos da Península Ibérica ou do Paraguai. A diferença entre colonizadores e colonizados não é tão grande assim. Com exceção dos Estados Unidos, quem sabe, um lugar muito particular na história da humanidade.

Vou repetir: é uma deficiência de raciocínio. É uma forma de ver o mundo ultrapassada. Então, não existem idiotas fora do mundo latino? Claro que existem. Está aí o Estado Islâmico para provar. Mas a idiotice pública tem um preço mais alto entre os ingleses. Então, melhor criar ferramentas para ser idiota privadamente. Eis que surge o punk rock e a "arte" de Banksy, cada vez mais próxima da pichação do que da arte. É só uma questão de tempo para eles se flagrarem disso completamente.

Obviamente, isso não significa que nada de bom possa ser recolhido da transgressão latina. Claro que pode. Mesmo que o conceito de revolução - um exemplo extremo - só possa ser levado a sério por gente que não pode ser levada a sério, há muita coisa para inspirar nesse contexto. A arte revolucionária, é o caso. Como não amar Delacroix? Como preferir Banksy? Não dá.

Sentir falta de Londres é sentir falta de uma megalópole cosmopolita, em meio a excentricidade de alguns poucos ingleses. Não conheci a Inglaterra e, honestamente, nem interesse tenho. O que vi de Londres, no entanto, me basta para saber que toda a água que rolou por debaixo daquelas pontes do Tâmisa fez muita coisa de boa e de ruim para o ocidente. E a tensão nunca diminuiu. No máximo, ela é disfarçada com uma dose de bom humor. A guerra entre civilização e barbárie está mais acessa do que nunca e, se precisamos agradecer que a tensão é menor na América Latina, não devemos isso à benevolência do novo expansionismo, proveniente do Islã, é pela falta de interesse na fraqueza. As lutas devem ser travadas contra os inimigos do passado e do futuro, aqueles que estão no topo da cadeia alimentar civilizatória. E isso inclui muita coisa: ciência, cultura, religião, finanças e, principalmente, hombridade, a disposição para se doar por uma causa, coisa que nós não temos.

Fiquei feliz de chegar no Brasil. Estava com saudade de churrasco e mulheres bonitas. Claro que assusta ficar um ano inteiro no inverno da vida. O pouco calor que eu vi foi em Barcelona e não passou dos 22º graus. Não fiquei resfriado em nenhum momento. Espero não ficar agora que me vacinei contra a tal H1N1. Muito se fala disso na Europa. Aqui se fala do básico, para não assustar e porque pouco se sabe.

Ah!! Saudade do Brasil!! Taxista dando voltas por causa das ruas fechadas pelo protesto! Dez por cento direto na comanda do restaurante por um serviço prestado que já foi pago no preço do produto! Condomínio dando sermão em todo mundo por causa de entulhos abandonados na área comum, sem punir o culpado diretamente! R$ 6,89 por um quilo de feijão! R$8 o quilo de batata!

E o povo? Nas redes sociais defendendo governos, golpistas e canalhas! Querendo saber quem roubou primeiro, mas sem se preocupar porque continuam roubando. A gente não tem atentado terrorista por falta de interesse mesmo. Se fosse por merecimento, já seria uma população dizimada.

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