quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Ninguém tem o direito de não ser ofendido

O que faz a esquerda se aliar a tudo que há de pior no fundo do poço onde está enterrada a escória da humanidade? Honestamente, não sei. E não fiquem pensando que vou dar essa resposta aqui. É apenas uma das perguntas que me vieram a mente depois dos últimos eventos terroristas, em Paris. Nova Iorque, Londres, Madri e agora Paris. La Résistance Francaise, convenhamos, é muito ruim quando o assunto é resistir. Foi assim na queda da Bastilha. Foi assim na tomada nazista, durante a Segunda Guerra. E não vai ser diferente agora. Prova disso é papelão assinado pelo presidente François Hollande, convidando líderes mundiais para uma "marcha".

Marchons! Marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons

Não consigo imaginar uma cena onde um chefe de estado tenha o direito moral de participar de marchas e protestar em público ou ao lado do público. Passa do nível da vergonha alheia e invade o respeito aos atingidos pela violência alheia. Quando o líder maior do executivo deixa de executar e inicia um ciclo de bandeiraços, atesta sua própria incompetência política. Típica da esquerda pós-revolucionária.


Voltando a pergunta original. Eu, honestamente, tenho um interesse muito especial em saber quê diabos à esquerda ocidental faz ao lado do Estado Islâmico, Irã e todas as forças religiosas e políticas que sistematicamente tentam barrar o avanço de qualquer movimento progressista dentro de suas próprias casas. Uma das características do progressismo ocidental deve ser justamente essa: uma casca camaleônica muito grossa e versátil que reconhece a perda de espaço em determinadas áreas e algumas oportunidades isoladas em outras. Claro que a esquerda se mantém junto ao sindicalismo parasitário, mas inegavelmente perdeu espaço entre os trabalhadores reais que descobriram - pasmem! - o quanto ganhar dinheiro é uma coisa boa. Ganharam espaço entre os inimigos dos seus inimigos e comemoram isso como um grande avanço. É a vanguarda da retaguarda. É o raciocínio "se ele não gosta do liberalismo, então gosto dele", típico de Leonardo Boff, Carta Maior, e outros minimalistas pós-modernos. Geralmente seu discurso começa assim:

Eu condeno os atentados em Paris, condeno todos os atentados e toda a violência, apesar de muitas vezes xingar e esbravejar no meio de discussões, sou da paz e me esforço para ter auto controle sobre minhas emoções…
Lá pelo meio da mentira a coisa já é assim:
Mas é uma resposta a algo que ofendia milhares de fiéis muçulmanos. 
O raciocínio do MAS faz toda a diferença. Não existe MAS na liberdade. "Eu não quero que esquerdopatas sejam mortos, mas acho que eles deveriam parar de publicar tanta bobagens". Não! Eu sei que o raciocínio está errado e tenho absoluta certeza de que o único jeito de mostrar que é um raciocínio errado é fazendo questão de que exponham essas babaquices.

Ignorante é aquele que tenta resolver por força de regra e lei aquilo que só pode ser resolvido com educação.

Por mais fundo que seja o poço onde se encontra o que há de pior na escória da humanidade, eles têm o direito de esbravejarem em alto e bom som lá de dentro e o barulho do seu rancor vai ecoar por toda a superfície da terra.

Nenhum comentário: