Marcha dos Cafajestes

Estou organizando a marcha dos cafajestes. Reginaldo Rossi era a primeira opção de padrinho. Não deu. Depois, me veio à cabeça o nome do Jece Valadão. Morreu também. Daí, para parar de me sentir culpado por mais óbitos, desisti desse negócio de "padrinho".

Agora, quero um patrono.

Acho que convido o Erasmo Carlos. Mas estou indeciso entre ele e o João de Almeida Neto.

Vai ser a coisa mais idiota que Porto Alegre já viu. A marcha da maconha e a marcha das vadias vão parecer procissões religiosas de cristãos revoltadinhos perto da marcha dos cafajestes. Haverá uma cambada de homens feios, dirigindo bêbados e armados. A indumentária, será camisa aberta (dois botões para os menores de 30 e três para os maiores) ray-ban aviador ou genérico de modelo semelhante, palito no dente e corrente de ouro no pescoço.

Isso sim vai chamar a atenção da polícia!

Perto da marcha dos cafajestes, essas mulheres de topless e esses homens servis vão passar vergonha quando o assunto é baderna. Vão precisar apreender muito com a gente. A-prender, entendeu? Prender também, claro. Vai ser um dia de delegacia lotada. Aguardem.

A mulherada vai poder participar, claro. Buscando a cerveja na geladeira. Peito de fora? Só depois de passar pelo crivo medindo a intensidade da influência gravitacional. Nada de bruaca exibida.

No mais, a marcha dos cafajestes será como todas as outras. Os manifestantes, óbvio, não se entenderão entre si. As pautas serão desconexas e, se a coisa ficar animada, até um arranca rabo interno deve fazer parte do repertório. Os cartazes pedirão a volta da tradição, família e propriedade e a legalização da prostituição. Tudo ao mesmo tempo, e sem fazer o menor sentido. Ouvi dizer, até, que um subgrupo está se organizando para exigir IPVA mais caro para carros 1.0 e hatch. A pauta é baseada na alegação óbvia de que esses veículos atrapalham os motores mais possantes e são preferidos pelas mulheres que, por sua vez, atrapalham o trânsito de todo mundo.

É tanta pauta idiota!

Vai ficar lindo de ver. Como eu disse, igualzinho as outras marchas, mas mais violenta do ponto de vista do politicamente correto.