Assisti Somos Tão Jovens, filme projetado na biografia de Renato Manfredini Júnior. O slogan publicitário do filme é "você conhece o mito. Agora conheça a história". Bom, eu conheço a história. E o filme desaponta justamente por causa disso: não tem absolutamente nada de novo. Trata-se de uma filmografia nada artística, 1000%autorizada, da vida de Renato Russo, entre os anos de 78 e 82. É um recorte histórico. A maioria das pessoas que foram ao cinema não estavam atentas a esse detalhe, anunciado, aliás, na primeira tomada da gravação. O filme é baseado na primeira parte da vida de RR. Assim, ninguém viu drogas, sexo e a parte rock'n roll da vida Cazuza que o Renato adotou repentinamente diante do sucesso da Legião Urbana.
O filme encerra justamente com a ida da Legião para o Rio de Janeiro, momento onde a banda é catapultada no sucesso nacional. As partes que poderiam ser, artisticamente, exploradas da biografia da "banda mãe", Aborto Elétrico, foram deixadas de lado, apenas por falta de fontes confiáveis. Por exemplo, o falecido guitarrista André Petrorius entrou e saiu do filme com frases feitas para não polemizar muito. O motivo ficou claro: pouco se sabe a respeito do cara. E o filme é feito a respeito do que se sabe. Tudo que foi contado ali é baseado na história documental ou testemunhal autorizada pela família Manfredini. O resultado disso é uma chatice impossível de ser controlada.

Na fotografia, houve excessos. Mais especificamente, sobrou o desespero de tentar ser hipster. Faltou aquela coisa sutil chamada sensibilidade. O filme começa e termina com um filtro para dar um ar anos 70 à gravação. Eu fiquei esperando aquele filtro de merda desaparecer no começo do filme e morri na praia. Não se grava com câmera na mão e filtro vintage. Cansa os olhos e pesa a cabeça. Pelamordejupter! Além disso, várias das tomadas foram baseadas em fotografias históricas consagradas e o diretor não fez o menor esforço para deixar essa informação clara. Para não dizer que tudo estava errado, a direção de cenário acertou na escolha dos móveis, carros e até nos detalhes mais pequenos como as cortinas da classe média brasiliense.
Somos Tão Jovens decepciona os desavisados porque fica aquela sensação de "acabou?" no ar. Quem vai para o cinema sem saber que o roteiro tem como foco central a parte "jovem" de Renato Russo acaba achando o filme curto e engraçadinho. Somos Tão Jovens decepciona os avisados porque não conta absolutamente nada de novo. Não é artístico. Poderia muito facilmente ser um documentário e pronto. Mas documentários não arrecadam tanta bilheteria, então... Somos Tão Jovens é uma mistura de gente sentada, crente que o filme não pode ter acabado, e gente desesperada para sair da sala de cinema o quanto antes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário