terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

E lá vamos nós...

No começo da faculdade, eu tive um professor de sociologia. E ele teve uma filha. Certa vez, para exemplificar qualquer idiotice sociológica coisa em sala de aula, ele relatou o tipo de educação que dava para a menina. Foi uma conversa fiada longa. Mas, resumindo, ele basicamente dava amplas condições de educação para sua ranhentinha. Aulas de ballet e piano. Inglês e francês desde muito cedo. Essas doideiras que a classe média pensa ser a solução para todos os problemas educacionais do terceiro mundo.

Em troca de tanto esforço paterno, ele limitava o uso da TV. Eram poucos programas que ele mesmo escolhia na TV a cabo (por que a TV aberta, claro, é fonte e origem de todas as desgraças do mundo capitalista). Nada de vídeo games também. Internet para outras finalidades que não as estudantis, nem pensar. Socialização com festinhas de adolescente só até as 23h. Namorados era um assunto fora de cogitação, afinal a sexualidade da pobre menina precisava "estar pronta".

Resultado: sabe quem eu encontrei atendendo no balcão do meu amigo tatuador a última vez que fui lá? Demorei para reconhecer a ranhentinha filha do meu professor. Não dava nem para usar mais o diminutivo. Eram piercing demais, alargadores demais e tatuagens demais. Quando a reconheci, perguntei do pai. Ela disse que não sabia e não queria saber. Saiu de casa com 18 anos. Mora com um músico de final de semana e, pelo que entendi, cria um lagarto chamado Toddy.

Eu gostaria de saber como meu digníssimo maestro fez para adaptar aquela conversa pedagógica toda.

Nenhum comentário: