quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Falta ética no jornalismo [acadêmico]

Enviei meu atual devaneio pessoal para o blog das competentíssimas Cris e Ana Estela. Agora, reproduzo aqui. Por mais que me chamem de maluco, ainda, acho que a preocupação é legítima e o assunto merece ser aprofundado. Obrigado, gurias! O feedback que vocês patrocinam é muito bacana.

Terminada a graduação, alguns buscam o mercado de trabalho, outros a academia. No meu caso, tenho um enorme interesse pela pesquisa dos assuntos ligados à ética. Estou falando de ética formal, com rigor teórico. Nada de manuais de ética profissional ou coisa do tipo.


Pois é. Gasta-se – com razão – tanto papel, tinta e saliva no jornalismo brasileiro sobre esse assunto tão fundamental, mas, quando você busca uma universidade com uma linha de pesquisa na pós-graduação sobre ética, vê que a coisa fica só na confecção de manuais e publicações isoladas sobre o assunto. Além de serem poucos os programas que trabalham ética como um assunto acadêmico, quando a linha de pesquisa existe, ela é tão genérica que só é capaz de motivar pesquisadores com referências abrangentes sobre o assunto. Rigor e critério: nenhum.


No meu caso, por exemplo, cursei filosofia e me interessei muito pela corrente utilitarista do século 19. No Trabalho de Conclusão de Curso, estudei um filósofo que, também, foi jornalista: J. S. Mill. Se me mantenho em uma pós na área de filosofia, tranquilamente, encontro universidade, orientador e até bolsa de estudos, mas, se resolvo arriscar e voltar para a área da nossa profissão, o jornalismo, aí a coisa aperta. As universidades só querem saber de 'pesquisar' redes sociais, jornalismo participativo e comunitário e blá blá. Com todo respeito às outras áreas, mas, se a ética é um assunto tão reclamado na imprensa, como pode a academia negligenciar um assunto tão importante de uma forma tão descarada? Vergonha de conversar com as outras áreas? O salto do tamanco é muito alto?


Esse é só mais um dos pontos que descredencia totalmente a reclamação de um diploma específico para o exercício da nossa profissão. Mas são tantos... sei que não vou encontrar resposta para isso em lugar algum, mas fica a provocação para que a gente repense permanentemente o jornalismo, a universidade e a tentativa digna de unir as duas coisas.

Um comentário:

Cris disse...

Também acho o feedback dos leitores sensacional. Enriqueceram o debate, até com comentários dos quais discordo veementemente. Até rendeu outro post que pus lá agora =) bjs Cris