quinta-feira, 15 de julho de 2010

Jacob Petry e seu novo livro

Meu irmão de guerra Jacob Petry está lançando um novo livro. Brasileiro de Campina das Missões e radicado nos Estados Unidos, Petry é graduado em Filosofia, autor dos livros O Céu é de Pedra, Ilusões Rebeldes, As Gêmeas, e O Enigma da Mudança, (este em co-autoria com o sociólogo Valdir Bü̈ndchen). Atualmente, ele vive em Nova Jersey, nos EUA.

Tive o prazer de ser um dos revisores de O Óbvio que Ignoramos (ed. Lua de Papel, 227 pág. R$ 34,90). Com certeza, o livro vai parar nas prateleiras de auto-ajuda. E daí? Não é tão arbitrário quanto aquilo apresentado pelos futurólogos de plantão.

Petry fez uma pesquisa refinada sobre os pontos fortes de diversos personagens históricos de sucesso. Gisele Bündchen, Silvester Stallone e Albert Einstein são algumas das figuras analisadas. Os exemplos falam por si. O site Terra fez uma matéria sobre o assunto.

Não vou gastar meu teclado para falar bem nem do livro ou do autor. Minha opinião é mais suspeita que elogio de mãe. Achei bacana a entrevista que a editora me mandou. Um dos temas do livro é o fiasco do sistema educacional brasileiro.

Aqui o site pessoal do Jacob.

Nesse outro link, você compra o livro. Não querer prática; tão pouco habilidade. Basta um cartão de crédito.

A entrevista:

Encontrar nosso talento natural e buscar campos onde esse talento possa ser explorado e aperfeiçoado com conhecimento, técnicas e prática. Essa é fórmula de sucesso que prega o autor brasileiro radicado nos Estados unidos desde 2006 Jacob Pétry. Ele critica o sistema de ensino que "bloqueia a criatividade dos alunos e os torna medíocres".

O que há de errado no método de ensino da maioria das escolas?
Jacob Pétry – Observe a lista de pessoas a seguir: Steve Jobs, Bill Gates, Pablo Picasso, José Saramago, Elizabeth Gilbert, Clint Eastwood, Garcia Marquez, Alice Waters, Richard Feynman, Allan Poe. Nenhum nome dessa lista em particular é produto de uma escola ou universidade. E essa lista não é uma exceção, é quase uma regra. Por que isso acontece? Porque quando sujeitamos todos ao mesmo conjunto de regras elaboradas para estimular a obediência subserviente, eliminamos o que há de mais precioso no ser humano: o desenvolvimento de suas habilidades naturais. Ao impedir o desenvolvimento do potencial instintivo das pessoas, bloqueamos a criatividade. Da forma como está posto, o sistema de ensino atual apenas estimula a competitividade. A criatividade não aflora da competitividade, mas do cultivo do talento, da paixão, do desenvolvimento das nossas habilidades.


Como isso acontece? Você pode citar um exemplo?
Pétry– Imagine que você tenha facilidade em aprender matemática. Você se sente desafiado pela matemática, ela lhe estimula. Você observa os colegas que tem dificuldade na compreensão do tema e se pergunta: como conseguem complicar tanto algo tão simples? Em gramática, porém, é o contrário: falta ânimo, falta curiosidade, o conteúdo é chato, regras de gramática não lhe despertam o mínimo de interesse e as notas são um desastre. O que acontece nesse caso? Os pais contratam um professor particular de gramática, o orientador da escola lhe aconselha a estudar gramática e, no final do ano, ainda terá aulas de reforço em gramática. Toda concentração de esforços passa a ser a gramática, seu ponto fraco. O seu talento natural, a matemática, é ignorado e você é forçado a investir seu tempo e sua energia na ingrata tarefa de reforçar seu ponto fraco, a gramática. O resultado: melhoramos nos pontos fracos e reduzimos atrofiamos nossas habilidades. No final, atingimos apenas a média.

É por isso que as crianças mais inteligentes geralmente não se dão bem na vida?
Pétry – Isso é uma conseqüência do que chamo o paradoxo da inteligência. Quando você rotula uma criança de inteligente, duas coisas geralmente acontecem: 1) Ela induz que nasceu com inteligência superior a de seus colegas e por isso passa a supor que não precisa se esforçar tanto. 2)Ela evita de se expor a tarefas mais difíceis porque se falhar, acredita que colocará em risco sua inteligência. Com o passar dos anos, esses dois fatores anulam qualquer vantagem no nível de inteligência que uma criança possa ter sobre a outra, que se dedica e que se expõe a desafios mais difíceis.

Você afirma que a escola não estimula a criatividade dos alunos. Qual a principal conseqüência disso?
Pétry – A falta de iniciativa, inovação e insights. Em cada canto do mundo, legiões de pessoas esperam para que alguém lhes diga exatamente o que fazer. Trocamos nossa liberdade e nossa criatividade por um mínimo de certeza. As pessoas querem que alguém lhes diga o que fazer porque elas têm medo de descobrir por conta própria, porque não foram treinadas para isso. Isso não é apenas um problema na área do trabalho. Veja, por exemplo, a questão da obesidade. Todos nós sabemos que para emagrecer precisamos queimar mais calorias do que consumimos. A receita? Reeducação alimentar e exercícios regulares. Simples e óbvio, não. Mas poucos colocam isso em prática. Precisamos de um mapa mais preciso, uma fórmula imposta por alguém que consideramos mais preparado. Somente nos Estados Unidos, todo ano, a pessoas gastam mais de 50 bilhões de dólares em pílulas mágicas para emagrecer, que quase nunca funcionam.

Se sempre foi assim, e se o mundo apresentou avanços extraordinários dessa forma, por que precisaria mudar agora?
Pétry– Porque a realidade mudou. O novo sistema de produção está descartando qualquer um que é considerado meramente bom, obediente ou confiável. O sonho dos empregos de baixo risco e alta estabilidade com salários razoáveis acabou. O mercado precisa de pessoas criativas, com uma mentalidade aberta, que não tenham medo de assumir riscos.

Se o mercado de trabalho precisa desse tipo de profissionais, ele não os produzirá automaticamente?
Pétry – O interesse das indústrias sempre foi defender o sistema, não as pessoas, e isso não mudará. Pense sobre isso da seguinte maneira: a diferença entre o que o empregado recebe e o valor que ele produz é parte do lucro da empresa. Sendo assim, o sistema sempre buscou fórmulas que oferecessem mão-de-obra barata que fosse capaz de produzir muito. Por isso ela oferece mapas aos empregados, dizendo exatamente o que eles devem fazer. Isso os torna facilmente substituíveis. Se a empresa consegue substituir com facilidade um funcionário, pode pagar menos e aumentar o lucro sobre a produção. Apenas poucas pessoas, aquelas que são altamente criativas e com iniciativa para assumir a responsabilidade e dizer aos demais o que fazer, se tornam indispensáveis. Os demais, a grande maioria, só precisa seguir o mapa, por isso, se tornam absolutamente dispensáveis. Agora, se esse funcionário barato puder ser substituído por uma máquina, melhor ainda. E é isso que está acontecendo. Ao invés de exigir profissionais mais capacitados, o sistema está produzindo máquinas com custo de produção mais barata e com resultados mais eficazes.

Qual é a saída, então?
Pétry – Tornar-se um profissional indispensável, desenvolvendo a criatividade, abrindo mão da segurança que um mapa nos oferece. Isso significa assumir riscos de se perder ao longo do caminho e quem sabe assim, encontrar um atalho até então não descoberto. Só encontramos atalhos quando nos perdemos.

Como as escolas podem ajudar os alunos nesse processo?
Pétry – De forma alguma estou dizendo que o sistema de ensino não possui valor. O que estou dizendo é que ele não estimula a criatividade dos alunos. Para mudar esse processo, deveríamos gastar menos tempo classificando crianças e mais tempo ajudando-as a identificar suas aptidões e seus dons naturais, e ensiná-las a cultivá-los. Dessa forma, a maior contribuição que a escola pode dar ao aluno é ajudá-lo a descobrir seu potencial e auxiliá-lo a encaminhar-se para um campo onde esse potencial seja explorado e refinado com técnicas, conhecimento e prática.

Ou seja, seguir a Lei da Tripla Convergência?
Pétry – Proponho a Lei da Tripla Convergência como uma base de construção do sucesso individual. Mas não se como ela se aplicaria no coletivo.

O que é a Lei da Tripla Convergência?
Petry – É um ponto de partida para descobrir o que há de melhor em você e como você pode oferecer isso ao universo. Ela está fundamentada em três questões práticas. 1. Onde está seu talento natural?2. Dentro desse talento, onde está sua paixão? 3. Como você pode transformar essa paixão em renda? A compreensão clara e profunda do ponto onde a resposta dessas três questões converge é o seu ponto forte, e revela a campo onde você deveria atuar para explorar seu potencial.

Quais são os caminhos para descobrir o talento e a paixão?
Pétry - Talento é o que define se você se sente realizado no trabalho ou não. O ponto chave sobre o trabalho feito com talento é que ele flui naturalmente. Ele está livre de resistência. Há uma questão muito simples que pode levá-lo a descobrir seu talento natural. A questão é: qual é a atividade que você é capaz de passar horas e horas fazendo por pura vontade impulsiva? O talento faz você se perder no tempo, a paixão lhe dá prazer no que faz. Imagine que seu talento seja escrever. Porém, há uma infinidade de atividades onde você pode desenvolver esse talento. Você poderá, por exemplo, se dedicar ao jornalismo ou se tornar um escritor, e mesmo nessas duas áreas, poderá optar por uma infinidade de opções. A paixão é a opção que você faria mesmo que não recebesse nenhum tipo de recompensa a não ser o simples prazer que o mero ato de fazê-lo lhe dá. Por último, é preciso encontrar uma maneira onde o talento e a paixão possa ser convertido em ganho capital. Mas a razão do trabalho sempre deve partir dos dois primeiros, e não da renda. Perceba, porém, que esse é apenas o ponto de partida, e que embora seja a base mais segura para alcançar a realização, ela não lhe garante essa realização.

Como usar a Lei da Tripla Convergência nas empresas?
Péty – Especializar-se naquilo onde sua empresa tem maior vantagem em comparação aos outros. Ou seja, suas habilidades, seus pontos fortes, seu talento. A pergunta é a mesma: o que a nossa empresa tem a oferecer? Por que nossa oferta é melhor do que as outras opções disponíveis no mercado? E como podemos nos especializar nessa diferença? Se você possui um escritório de advocacia, um salão de beleza ou mesmo uma lanchonete, qual é a sua especialidade? Qual a razão que fará o cliente ir ao seu estabelecimento ao invés da concorrência? Se a resposta dessas perguntas for estabelecida sobre os três fatores – talento, paixão e renda, você inevitavelmente está na melhor posição possível. A partir de então, tudo o que deve fazer é observar alguns poucos fatores e o sucesso se tornará inevitável.

Nenhum comentário: