Júnior Grings – troteando pelo mundo.
- O Senhor fuma?
- Hein? Falaste comigo?
- Sim. O senhor Fuma? Perdi o meu isqueiro e estou querendo ascender um cigarro.
- Já fumei por algum temo, mas acredito que parei.
- Acredita? Ou o senhor Fuma ou o Senhor não fuma.
- Da mesma forma que não sou senhor, acredito que parei de fumar. Não posso ter essa certeza. Aliás, ninguém pode ter certeza alguma. Quais as tuas certezas?
- Minha certeza é que preciso fumar um cigarro, no entanto não tenho fogo. O senhor é um pouco estranho.
- Ah. Fogo! Tens certeza?
- Sim. Tenho certeza que não tenho fogo!!!
- Não, não. Tens certeza que sou estranho?
- Ahnn?
- Esquece. Estou um pouco atrapalhado. Mas aquela moça que se aproxima tem fogo.
- Conhece ela?
- Não tenho certeza.
- Como o senhor sabe que ela tem fogo?
- Não sou senhor.
- Estou quase certo disso.
- Que eu não sou senhor?
- Não. Que o senhor é estranho.
- Hei! Moça você tem fogo?
- Lauriane.
- Como sabe o meu nome?
- Não sei, apenas imaginei que fosse.
- Definitivamente o senhor é estranho.
- Não sou.
- O senhor é estranho.
- Não. Não sou senhor.
- Eu hein. Vou deixar vocês aqui, e seguir.
- O senhor é tão estranho que assustou a moça.
- Seu cigarro apagou.
- Não estou mais com vontade de fumar.
- Estranho!?
- Às vezes acontece isso comigo.
- Não, estou me perguntando se sou estranho, se sou senhor.
- O senhor é um estranho meio confuso.
- Não.
- Já sei. Não é senhor.
- Não. Não estou confuso. Tem certeza que pareço estranho?
- Estou.
- Estou? Você quis dizer pareço?
- Não. Eu estou confuso.
- O que estamos fazendo aqui parados mesmo?
- Esperando fogo para ascender o cigarro.
- Mas você não quer mais fumar.
- É. Estranho!
- Estranho não querer mais fumar?
- Não. Estranho que não seguimos nossos caminhos.
- Verdade. Estou ficando velho, estou confuso e isso me deixa um pouco estranho.
- Ainda bem.
- Ainda bem que eu reconheço isso?
- Não ainda bem que a Lauriane está voltando, vou poder fumar agora. Hei Lauriane...
Nenhum comentário:
Postar um comentário