quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tessália: a boca mais famosa do momento


Enquanto Freud explica, o Capeta dá um toque


O Big Brother Brasil, o programa mais polêmico da televisão brasileira, está na sua décima edição. Há 10 anos, em 2000, eu ainda estava no ensino médio. Conheço o nome de apenas uma participante das edições anteriores do BBB, Grazielli Massafera, moça que se mostrou uma atriz mediana.

Essa semana, fiquei sabendo o nome de uma segunda “sister” da história do BBB: Tessália. Antes da paranaense de 22 anos fazer sexo oral em rede nacional, Tessália, no meu parco conhecimento de geografia, tratava-se, apenas, de uma região no centro da Grécia. O lugar pobre e pouco desenvolvido ficou conhecido mundialmente nas epístolas I e II de Paulo aos tessalonicenses.

Essa moça aí da foto entrou para o BBB graças a sua pseudo-fama no Twitter. Passadas algumas semanas dentro da “casa mais vigiada do Brasil”, Tessália foi para debaixo dos cobertores com um colega de confinamento. Resultado: um boquete diante das câmeras. Boquete é palavra proibida em veículos de comunicação. Eu mesmo não arriscaria falar boquete na rádio para não ser demitido. Mesmo assim, foi isso que aconteceu: um boquete.

Depois do boquete da Tessália, sua fama repentina foi potencializada. A moça, já bastante criticada pelo seu caráter duvidoso, agregou ao seu currículo um liberalismo sexual só aceito em um puteiro, segundo as normas de conduta da família brasileira. Tessália fez sexo diante das câmeras e não foi um relação como as da minha avó: através de um buraco no meio do lençol.

Defender a Tessália é perda de tempo. Mesmo assim, a oportunidade é única para tratar das questões envolvendo o sexo e suas recriminações históricas. Na internet, Tessália virou sinônimo de vulgar e puta. Isso para usar alguns adjetivos humildes.

O mais bestial disso tudo é que, até agora, não sei o nome do “brother” que recebeu o boquete da Tessália. Lógico que não perdi meu tempo pesquisando. Mesmo assim, a impressão geral é que Tessália fez sexo oral em um poste de concreto ou algo que o valha. Como se o dono do pau tivesse entrado de gaiato debaixo do edredon.

O liberalismo sexual, que atingiu os países desenvolvidos nos anos 60 e 70, chegou às nações do terceiro mundo com 30 anos de atraso. Aqui, saímos de uma ditadura militar e nos deparamos com um mundo novo, desconhecido e sexualmente atraente. O resultado isso é um moralismo safado que anda de terno, gravata e cuecão de couro.

O corpo é uma propriedade privada e cada um faz com o seu aquilo que julgar mais interessante. Criticar a Tessália por ter feito sexo oral em qualquer pessoa é recalque mental. O BBB é um programa com uma classificação indicativa de 16 anos e passa num horário apropriado para esse público. Com essa idade, todo mundo está legalmente apto para fazer sexo.

No país onde cafetão tem ciúme, meretriz se apaixona e traficante se vicia, não é de se estranhar que as pessoas escondam seus rostos para ir comprar os livros da Bruna Surfistinha.

Mulheres criticando o comportamento da Tessália têm uma explicação mais leve: provavelmente instintos sexuais reprimidos na infância. Nada que um tratamento de choque com a realidade sexual não resolva. Não quero me aprofundar nesse assunto para não ser processado pelo Conselho Regional de Medicina, por exercício irregular da psiquiatria.

No entanto, homens com o mesmo espírito crítico precisam, como diz minha colega Renata Red, “sair do armário” e queimar a rosca. Alguém em paz com sua opção sexual não tem o direito de pensar como um cretino. Seja heterossexual ou homossexual, não há desculpa para um pensamento tão reacionário, vitoriano e provinciano.

Organizem o puteiro antes de abrir as portas para a festa. Hipocrisia tem limite.

Nota póstuma: Tessália saiu do BBB nessa terça-feira. Alguém achava que iria durar?

Um comentário:

Anônimo disse...

BBB.?????
q q tu quer dizer com o slogam deste site?????? vc entendeu o q escreveu mesmo?????????