terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Livro eletrônio discute a questão das cotas

Maxwell dos Santos, jornalista e estudante de História da Universidade Federal do Espírito Santo

Um Sonho de Doutora

Num primeiro momento, o livro seria um romance em terceira pessoa que obedeceria a estrutura da narrativa: introdução, complicação, clímax e desfecho. Porém, achei que o modelo narrativo tornava o livro frio demais e sem emoção. Por isso, a obra vem em forma de diário, em primeira pessoa com linguagem informal, onde Daniella, uma menina doce e sonhadora conta suas alegrias e desafios para alcançar um objetivo: passar numa faculdade de Medicina.

Porém, ela tem uma série de desafios: de origem humilde, moradora de um bairro periférico de Vitória, Daniella estudou toda sua vida em escola pública. Justamente o perfil oposto daqueles que cursam a graduação mais concorrida em todas as universidades públicas e privadas do Brasil. A “azarona” no páreo pelas vagas de Medicina terá de enfrentar alunos que por toda a vida puderam estudar em boas escolas, fazer cursos de intercâmbio no exterior e abraçar toda uma bagagem intelectual e acadêmica necessária para enfrentar qualquer vestibular.

Daniella é obrigada a enfrentar a morte do pai, a falta de condições financeiras para pagar um bom cursinho, a traição do seu namorado com outra garota, a morte dos pais de sua amiga e a humilhação por parte das colegas de cursinho que dizem que devido ao fato dela ter entrado numa faculdade de Medicina pelas cotas, ela nunca teria reconhecimento profissional.


A questão das cotas na Universidade Federal do Espírito Santo

Em agosto de 2007, a Universidade Federal do Espírito Santo aprovou a reserva de 40% de suas vagas para alunos de escolas públicas. Os movimentos sociais comemoraram, porém os alunos de escolas privadas foram às ruas protestar. Desde então, tem se discutido a questão das cotas no Brasil enquanto meio de inclusão social. Porém, a elite alega que as cotas ferem o princípio do “mérito acadêmico”, o governo deveria dar um ensino público de qualidade e que trará mais inclusão. Por outro lado, os movimentos sociais acusam as elites de terem um posicionamento reacionário através do argumento do "mérito acadêmico", pois não querem perder seus privilégios de séculos. A meu ver, as cotas para alunos de escola pública são um instrumento de valorização do ensino público, pois, para que ele melhore, é necessário que ele seja fortalecido.

A obra pode ser baixada aqui Licença Creative Commons 2.5 BR (BY-NC-ND)

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