sexta-feira, 27 de março de 2009

Requentando...

Tenho bancado uma de pena de aluguel para o Jornal Noroeste, nas últimas semanas. Nem tudo merece parar aqui no Capeta. Meu critério para aproveitar algo do jornal impresso e colar no blog é claro: falta de assunto. Prometo abandonar o relaxamento intelectual, mas faz duas semanas que estou lendo o mesmo livro! Isso é para mostrar como pode ser absurda a falta de tempo e respeito para com meu próprio cérebro. Logo, volto a vida de estudante (sinônimo: vagabundo), daí as coisas entram nos eixos.

Nas últimas semanas a unidade do SESC de Santa Rosa tem trazido programações para todos os públicos. Música, teatro, dança, cinema e várias manifestações culturais estiveram presentes no palco do teatro da entidade. Na última sexta-feira, faltou lugar: Marcello Caminha não teve um público apenas numeroso, mas participante e atento. Na quarta-feira, o grupo Cia. do Giro apresentou a peça Clownssicos, uma releitura das tragédias gregas clássicas, como mostra o artigo do repórter Everton Maciel, nesta página (ali em baixo).

O alto nível das apresentações, que lota salas de espetáculos das capitais brasileiras – mesmo com ingressos caríssimos, está presente em Santa Rosa com valores adaptados à realidade local e subsidiados pelo projeto "Arte SESC: cultura por toda parte". Em alguns casos, sequer ingressos são cobrados. Funcionará assim hoje, quando Larry Bola Wizniewsky mediará, às 19h, um debate sobre literatura Haikay com os convidados Ronald Augusto e Telma Scherer. A programação de teatro reserva ainda para Santa Rosa "A Megera Domada" (Cia. Rústica), em 04 de abril.

Dentro desse contexto, existem alternativas para buscar entretenimento, antes das noites movimentadas nos bares, restaurantes e boates. Basta ficar atento às informações. Esse tipo de calendário precisa estar junto da nossa agenda. São momentos valiosos e prestigiar esses eventos é uma oportunidade única.

O mais interessante é que essa iniciativa do SESC independe de uma demanda comercial. Não tem os olhos voltados à arrecadação. A instituição busca fomentar a criação de um público novo e moderno. Devemos, num futuro próximo, ter jovens e adultos capazes de interpretar e reconhecer elementos artísticos, tanto através do debate, quando pelo contato com ferramentas culturais tão nobres.

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Fez barulho a peça "Clownssicos" da Cia. Giro, de Porto Alegre, no Teatro do SESC de Santa Rosa. Muito bacana. Recomendo ao cubo! Trata-se de uma visão diferente das tragédias clássicas. A peça refaz perguntas importantes que vão de Édipo Rei, na Grécia Antiga, aos românticos da Renascença. Interessante é o desafio de combinar uma adaptação tão complexa de um ângulo ‘clown’. Clown é a visão milenar do palhaço. O personagem de origem desconhecida tradicionalmente trata de temas menores. Neste caso, abordar os grandes nomes da literatura mundial, a partir de um ângulo tão inusitado, é um desafio e tanto.

A diretora da peça, Daniela Carmona, ressalta que a ideia nasceu justamente de uma discussão sobre essa dificuldade. "Trata-se de um exercício de metalinguagem, fazer com que um clown resolva um personagem como Édipo Rei, Jocasta ou Romeu e Julieta. Porque dentro do espaço da interpretação esse momento é onde o ator deve conseguir expulsar seu palhaço de dentro de si e, depois, com lógica e coerência infantil, compreender porque o homem resolve tudo com sangue, ao invés de resolver seus problemas de uma forma tão mais simples", destaca Daniela.

O evento foi surpreendente. O público respondeu, comparecendo ao Teatro do SESC na última quarta-feira. Agora, resta aguardar que as próximas peças continuem tendo respaldo por parte dos santa-rosenses.

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