C. Martin
Precisava fazer algo a respeito. Ou administrar a culpa crescente. Denunciar? O vizinho saberia de onde partira a chamada às autoridades. Inquietava-se, constrangido e acuado ao mesmo tempo. Todos os dias a mesma história. Meses assim. Três e pouco da tarde, ela vem, delicada menina de tranças negras, como se fosse brincar à praça. No balanço, não se balança. Fica. Até que o velhote surja, olhe, jogue fora o cigarro, e entre, depois dela, no fétido banheiro.
Num amanhecer, enfim, encorajou-se.
Saiu do ap, cruzou a rua a passos lentos, uma caixa na mão. Na praça, parou. Pôs-se a retirar as correntes do balanço.
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