segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Escolas vão incorporar técnicas profissionais à formação tradicional

O jornal Correio Braziliense publicou, nesta segunda-feira, uma entrevista com o secretário do MEC, Eliezer Pacheco. Indiretamente, trata-se do principal cabo eleitoral do prefeito eleito de Santa Rosa, Orlando Desconsi (PT). Foi com a ajuda de Eliezer que o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) acabou sendo confirmado na região Noroeste. A entrevista aponta falhas no ensino médio brasileiro, mostra outras alternativas e rebaixa as universidade ao que elas realmente são: sem influência prática alguma. Leia:

Um trampolim para a universidade, que não serve para nada. É assim que o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), Eliezer Pacheco, define o ensino médio. Por isso, é um entusiasta dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets), a reformulação dos atuais.

Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefts). A lei que cria os institutos deverá ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o dia 29. Com a mudança, os estabelecimentos de ensino federais passam a ser integrados. Assim, as universidades que aderiram ao plano de expansão superior atuarão juntamente com as escolas de ensino médio.

Inicialmente, serão 38 Ifets, sendo cinco no Distrito Federal. Até 2010, a intenção do MEC é chegar a 150 unidades, ao custo de R$ 5 milhões cada uma. O secretário conta que os planos não param por aí. Em parceria com os estados, o ministério pretende levar o padrão federal a escolas do ensino médio. Dezoito já apresentaram propostas, aprovadas, para receber o auxílio do ministério. Em entrevista ao Correio, Eliezer alerta que, mais do que comprar laboratórios, os estados precisam investir na formação dos professores e na adaptação dos currículos à realidade dos jovens.

O que muda com a criação de institutos?
Muda tudo. É uma revolução do ponto de vista administrativo e de conceito, um conceito absolutamente novo, não há similar. O Brasil cansou de imitar outros países e resolveu agora inovar. Toda essa estrutura que se tem hoje, os Cefets, as agrotécnicas, as escolas vinculadas às universidades, se agrupa em torno de 38 institutos federais de ciência e tecnologia, e todas as universidades viram câmpus desse instituto, atuando da formação inicial, passando pelo ensino técnico no nível médio, graduação, sendo que, no ensino superior, 50% das matrículas têm de ser licenciaturas (física, biologia, química e matemática), para tentar suprir uma defasagem brutal que existe no Brasil. Sem falar na qualidade das licenciaturas, que deixa muito a desejar. Outro percentual do ensino superior são de cursos tecnológicos, que poderão chegar a mestrado e doutorado. A rigor, a pessoa pode começar na formação inicial e ir até o doutorado no Ifet.

Vai haver uma interação maior do ensino superior com o básico?
Vai, porque é isso que acontece nos Cefets, que são a melhor rede de ensino do país, melhor que qualquer rede privada ou pública. Na Prova Brasil, nossa médiaé de 3,8 no ensino básico, muito baixa, enquanto a média da rede federal é de 6,5. Da rede privada é 5,6. No Cefet, o professor trabalha em todos os meios: no mestrado, no doutorado, até no curso profissional. Os laboratórios são compartilhados.Os professores, de um modo geral, são os mesmos. É a chamada verticalização do ensino. Esse mesmo conceito será usado nos institutos. O professor dos institutos terá a mesma carreira, as mesmas vantagens do professor da universidade. O ensino se propõe ser analítico e não enciclopédico. Quantas horas perdemos na vida decorando fórmulas químicas que nem lembramos mais? O ensino tem de ser mais analítico. Na tradição dos Cefets, é um ensino mais de laboratório, mais de fazer, em vez de decorar. O ensino profissional também tem de ser mais flexível porque o mundo do trabalho hoje também é mais flexível.

Leia toda a entrevista no Correio Braziliense

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