sexta-feira, 21 de novembro de 2008

MEC manda fechar cursos a distância

Lisandra Paraguassú, de O Estado de S. Paulo

Três das maiores instituições de ensino de graduação a distância vão ter que reduzir consideravelmente seus tamanhos. A primeira supervisão feita pelo Ministério da Educação (MEC), em quatro centros de ensino superior que se dedicam a esse tipo de ensino, revelou que todas têm problemas que vão de falta de coordenadores a pólos de atendimento sem a menor infra-estrutura. Juntas, as quatro instituições - Universidade do Oeste do Paraná (Unopar), Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi) e Faculdade Educacional da Lapa (Fael) - concentram 46,6% dos 551.860 alunos hoje matriculados em cursos a distâncias de instituições privadas de ensino.

Apenas a Unitins, que hoje tem 92 mil alunos, possui, associada com a Fael, 1.494 pólos de atendimento de ensino a distância. Desses, 1.240 vão ter que ser fechados. Na Uniasselvi, 60 dos 93 pólos também serão encerrados.

"São pólos irregulares. Essas instituições cresceram muito rápido e sem atender às referências de qualidade", afirmou o secretário de ensino a distância do MEC, Carlos Bielschowsky. A supervisão encontrou, nas três instituições, centros sem qualquer infra-estrutura, como computadores em quantidade suficiente, coordenadores pedagógicos e bibliotecas a disposição dos alunos. Também a avaliação foi considerada falha.

Além de fecharem centros, Unitins, Fael e Uniasselvi terão que consertar os outros problemas nos pólos restantes. Também os vestibulares estão suspensos até segunda ordem do MEC. Novos centros só poderão ser abertos depois de cumpridos os termos de um acordo de saneamento assinado com o ministério. No entanto, os pólos ainda devem funcionar por algum tempo, até que os atuais alunos terminem seus cursos.

Até agora, a única das quatro instituições que assinou o acordo foi a Unopar. Apesar dos problemas, o MEC considerou razoável a estrutura da instituição, única que não precisará fechar nenhum dos seus 357 centros. No entanto, a Unopar terá que diminuir em cerca de 15 mil as suas vagas nos próximos vestibulares, limitando-as a 35 mil. Também terá que contratar coordenadores pedagógicos para os pólos de ensino, rever o material didático e o sistema de avaliação.

"Nós fazíamos uma avaliação geral de todas as disciplinas. Agora, provas separadas e baseados nas avaliações do Enade (Exame Nacional de Desempenho do Estudante)", explicou Elizabeth Laffrandi, reitora da Unopar. "Nós começamos com a educação a distância em 2003. Na época ainda não havia um referencial, que só foi criado em 2007. Já tínhamos feito uma auto-avaliação e sabíamos das deficiências. Estamos corrigindo-as".

Em uma nota, a Uniasselvi afirmou que está preparando as mudanças exigidas pelo MEC e justifica as deficiências pelo fato de ter sido criada em 2005, dois anos antes de a atual legislação entrar em vigor. "Todas as novas adequações exigidas pelo MEC serão realizadas pela instituição no próximo ano", diz a nota. Procurada pelo Estado, a Unitins não retornou as ligações até o início da noite de ontem.

As quatro instituições foram as primeiras a passar pelo crivo do MEC, mas não serão as únicas a terem de se adequar. Já está nas mãos dos técnicos do ministério o relatório de outras quatro instituições. Entre elas, a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), que iniciou na área há menos de três anos e já tem mais de 75 mil alunos em pólos espalhados por todos os Estados do País.

Também estão com relatórios prontos a Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), que atua em 21 Estados e já tem 46,3 mil alunos, a Universidade Castelo Branco, do Rio de Janeiro, com pólos em 21 Estados e 28,2 mil alunos, e a Universidade Cidade de São Paulo, com 9 mil estudantes. Até fevereiro do ano que vem, o ministério pretende já ter supervisionado 80% das 109 instituições que oferecem ensino a distância. Dessas, 49 são privadas.

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