quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A ciência e eu

Everton Maciel, de Pelotas

Sou um "milagre" da ciência. O simples fato de poder estar atrás deste teclado e escrevendo essas linhas é uma demonstração crassa de que a inteligência humana funciona. A ciência é flexível, não pode ser colocada dentro de modelos dogmáticos, mas funciona e responde às necessidades da sua época.

Nasci, em 1984, com todos os problemas oculares que uma criança pode ter. Não sei ao certo o nome ou o número de todas as doenças que tive nos olhos. Só poderia ter mais defeitos, se tivesse mais de dois olhos. A única coisa da qual posso ser recordado - mesmo assim por fotografias - é do meu primeiro par de óculos. Oito graus! Um verdadeiro fundo de garrafão para uma criança de apenas dois anos. Ainda criança, fui operado diversas vezes. Experimentei a sensação de ficar com os olhos vendados durantes semanas, totalmente cego, em virtude de uma das cirurgias. Foi horrível. Chorava, esperneava e gritava. Mas, no final, deu tudo certo.

Mesmo assim, até pouco tempo, sempre precisei de óculos. Desde os dois anos de idade, colecionei quase duas dezenas de pares. Os óculos fazem parte do meu corpo. Os óculos são uma extensão da minha vida. Na minha última visita ao oftalmologista, Décio Lovato - o mesmo que me operou quando tinha, apenas, três anos de idade -, ele disse que não precisava mais dos óculos. Quase chorei. Tentei ficar sem óculos por um tempo, mas não consegui. Voltei e o médico me elaborou uma receita com “lentes de descanso”.

Tem gente que acredita em Deus. Eu nasci acreditando nos homens e na ciência. Menos mau. Se meus pais ficassem em casa rezando, poderia estar cego.

***

Acompanhe estes casos na BBC Brasil:

Cientistas da Espanha anunciaram que fizeram o primeiro transplante de um órgão cujo tecido foi desenvolvido a partir das células-tronco do próprio paciente

O lavrador alemão que em julho se transformou na primeira pessoa a sofrer um duplo transplante de braços disse que já recuperou alguma sensibilidade

Uma mulher de 39 anos deu à luz uma menina em Londres depois ter sido a primeira paciente a receber um ovário inteiro em um transplante

Um comentário:

Anônimo disse...

Puxa, que legal. Em agradecimento você poderia doar óculos para crianças carentes com problemas de visão. Abraço.