quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Você conhece o Brasil Rural?

A partir desta semana, publicaremos, todas as quartas-feiras, um "diário de bordo" da pesquisadora Maria Grings Batista, engenheira agrônoma, da Universidade Federal do Pará

Quando recebi o convite de escrever algumas poucas linhas sobre a agricultura na minha região fiquei bastante animada e aceitei logo de cara, achei que seria uma oportunidade legal de contar um pouco do que vi e conheço, mas confesso que foi mais difícil do que esperava. Essa não é a primeira vez que sento em frente a este computador e tento escrever alguma coisa, mas não gostei nada do que escrevi anteriormente. São cinco horas da manhã e não consigo mais dormir, em meio a confusão de pensamentos que costuma invadir a cama de alguém que insiste em rolar de uma lado para o outro sem que o sono de o ar da graça. Tive um impulso de levantar e tentar mais uma vez....

Talvez devam estar se perguntando: de que mesmo essa garota está querendo falar? De que região ela é? Ou o que ela pode ter de interessante a nos dizer?

Adianto que agora vou tentar responder apenas as duas primeiras perguntas, deixando a resposta da terceira para os próximos textos, que ainda me proponho escrever, e aí sim dizer alguma coisa.

Contarei um pouco de minha trajetória. Sou agrônoma, formada em 2006 pela Universidade Federal do Pará (UFPA), num Campus situado no município de Altamira, Sudoeste do Estado, por aqui conhecida como microrregião da Transamazônica, região nova, sendo povoada apenas na década de 1970, através de um projeto de colonização. É um curso novo e faço parte da primeira turma formada. Ao longo do curso, passei por cinco estágios curriculares, onde, em cada um, passei 10 dias convivendo com uma família de agricultores familiares, o objetivo era, a partir da abordagem sistêmica, entender o funcionamento do estabelecimento agrícola. Em 2007, ingressei no curso de mestrado em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável, também pela UFPA, e então, num estudo sobre sistemas agrários, passei 10 dias no Sudeste do Pará, região de muitos conflitos agrários e onde existe a maior concentração de assentamentos da reforma agrária do país, com municípios onde mais de 80% do território é composto por assentamentos. Nestes últimos meses, estive perambulando pelo nordeste paraense, região mais antiga de colonização do Pará, fazendo a pesquisa de campo para minha dissertação, convivi de perto com cinco famílias de agricultores, foi então que conheci uma terceira realidade rural em meu Estado.

Não é uma experiência tão vasta assim, eu sei disso, mas estamos falando de um cantinho do Brasil pouco conhecido, região Norte, interior do Pará. Em minhas andanças, vi e conheci muitas coisas, e acreditem: muitas experiências e realidades diferentes, dificuldades, muita força de vontade, gente humilde e, talvez, isso interesse a algum de vocês. Mas só nos próximos capítulos.

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