quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Os Teus Pés

Dom Neruda

Quando não te posso contemplar
Contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
Teus pequenos pés duros,
Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso
Sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
A duplicada purpura
Dos teus mamilos,
A caixa dos teus olhos
Que há pouco levantaram vôo,
A larga boca de fruta,
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
O vento e sobre a água,
Até me encontrarem.

2 comentários:

Unknown disse...

Se cada dia cai

Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

Pablo Neruda (Últimos Poemas)

Sem Papel e Tinta disse...

Neruda, realmente, foi especial. Com o poema postado pelo colega PG, acabo de recordar de algumas sugestões: o filme "O Carteiro e o Poeta" (Michael Radford) é muito bom. Além disso, vi que voltou às livrarias o livro "Vinte Poemas de Amor e Uma Canção desesperada". Excelente livro até para que não gosta muito de poesias, como eu.