Viajei na maionese e esqueci de publicar a segunda parte do conto de Ana Zyk quando deveria, ontem, sexta-feira. Peço desculpas a todos. O capítulo anterior está na sessão Contos. E. Maciel
O observador comprava um jornal na banca da praça, sentava de frente para Maza e o mirava o dia todo. Ficava atento a cada tempo musical, seus ouvidos hipersensíveis podiam captar cada tempo errado, seus olhos clínicos tinham um mapa do corpo de Maza. Podia entender cada expressão de seu rosto. E seu conhecimento técnico podia perceber que Maza estava cada vez melhor.
Com os olhos atentos em Maza por cima do jornal, uma cigana avistou o observador sentado no banco e resolveu lhe convencer a ler sua sorte. O observador resistiu. Ela insistiu. E ele resistiu mais uma vez. Incomodado com a situação, o observador resolveu agir grosseiramente, expulsando aos berros a inconveniente cigana. Com tal atitude, atraiu a atenção de Maza e outras pessoas que por ali passavam. Maza viu o observador. Uma mulher branca. Permeando seus 40 anos. Loira. Olhos castanhos claros. Magra. Expressão forte, mas ao mesmo tempo delicada. Assustou-se.
- Alice!
Ela deu-se por conta do estrago e enquanto a cigana ia embora a xingando, mirou Maza. Dois segundos de olho no olho, tendo apenas a rua por dividi-los, Maza pegou suas coisas e saiu correndo em direção contrária. Alice foi atrás.
O violino, tão cuidado por Maza, agora ia de cá pra lá nas mãos do músico, batendo nas pessoas, enquanto tentava se desviar. Então, em uma rua mais vazia, onde ele acreditava que estava a salvo. Ela o achou.
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