quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A tribo obtusa do começo dos anos 90


Everton Maciel

Santa Rosa. Centro Cívico Antônio Carlos Borges. Julho de 1993. Show pré-Estado das Coisas. As pessoas não podiam subir no palco: uma tela separava o público dos músicos que habitavam, provisoriamente, o lugar. Na época, o diretor de cultura da prefeitura era Cláudio Coelho Joner, baixista do Estado. O evento foi classificado como “sobre a tribo obtusa e muda”. Tratava-se de um nome para o show, já que a Estado das Coisas ainda não tinha essa denominação oficialmente.

A obra underground que circulava nos corredores do Centro Cívico, naquele momento, era “Epiclese” (foto). O título dá conta do momento cristão que se “manifesta” para os crentes durante o sacramento da hóstia. A intenção do autor, Larry Bola Wizniewsky, era expor tudo que não deveria ser exposto. Um projeto audacioso para a comunidade no começo dos anos 90.

Bola, hoje abstêmio, bebeu sua cota. Na época, um dos versos dizia o seguinte: O álcool multiplica os olhos/ Que caçam a tua beleza em cada canto microscópico. “O álcool fazia parte do processo”, justifica Bola.

O autor conta que jamais guardou uma cópia do próprio livro: “Perdi. As pessoas que pegaram, pegaram. Trata-se de parte da vida que se perdeu como qualquer outra coisa”, chora as pitangas Larry.

A produção daquele show foi elaborada por Elton Schimo. Nos porões da casa dele conseguimos o material, hoje, histórico. O curioso é que muitas coisas daquela época geraram reflexos. O Estado das Coisas fez sucesso em todo Rio Grande do Sul. Mas isso merece uma outra pesquisa.

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