sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Mais triste foi o remendo

Everton Maciel

No final de semana que antecedeu o carnaval de rua de Santa Rosa, realizado domingo, diante do Centro Cívico e Cultural Antônio Carlos Borges, a secretária de cultura do município, Marli Zorzan, veio para os microfones das rádios declarar que esperava um público de 11 mil pessoas para prestigiar o evento animado pelo trio-elétrico da banda Brasil Latino.

A secretária pode esperar até um milhão de pessoas para o carnaval. Não tem problema nenhum. Expectativa é expectativa. A querida Marli pode ter acordado bem empolgada e dado um mega-chute. Sem questões até aqui.

O problema é que quando o carnaval acabou, na quarta-feira de cinzas, a secretária voltou às rádios agradecer as "mais de 11 mil pessoas" que prestigiaram o carnaval popular.Secretária, não gaste seu fósforo a toa... Claro que toda estimativa de público é relativa e relativizada. Mas 11 mil pessoas nunca caberiam na avenida Buenos Aires, no Centro de Santa Rosa. Esquece-se que temos 69 mil habitantes na nossa querência? Estive no evento e enxerguei, no máximo, 2000 pessoas. A Brigada Militar, que por trabalhar com contensão de massa tem autoridade nesse tipo de estimativa, foi menos otimista que esse repórter. Segundo os PM's, havia, "no máximo", 1500 pessoas no local.

O carnaval de Santo Cristo, o mais tradicional da Região, não contou com 10 mil pessoas esse ano. Houve uma redução significativa no número de participantes. Reflexo do encolhimento dos blocos.Sabe quantas pessoas assistiram o desfile de carnaval no Porto Seco em Porto Alegre, secretária Marli? Onze mil, pagantes. Entre Santa Rosa e Porto Alegre...

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Infelizmente, é normal saber que o público é enganado com as estimativas dos organizadores dos eventos. Conversei com produtores culturais que garantiram que os números sempre são inflacionados. Um deles, aposentado, disse que quando trabalhava na área sempre multiplicava o número por cinco.

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Fenasoja com mais de 150 mil pessoas? Hortigranjeiros com mais de 100 mil? Quando lerem essas notícias nos jornais da região, perguntem-se sobre isso. No caso da Fenasoja, um evento com bilheteria, algum presidente já prestou contas dos números da arrecadação? Se isso fosse feito, hoje, terminaria com a história do evento.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não sei não, mas penso que suas críticas não são nada revolucionárias, edificantes e sequer vão causar algum impacto em alguém. Sempre acreditei que a escrita tivesse uma enorme função social. Mas não nesses casos. Repense suas "não-atitudes"!