segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Diário do Sul - parte I

Everton Maciel

Cheguei no fim do fundo da América do Sul no último final de semana. Adorei a cidade. Dois times de futebol, bares e botecos, mais alternativas na programação televisiva do sinal aberto, uma biblioteca pública enorme e, a atração dos estudantes, um trailler que vende um bauru de alcatra delicioso com uma maionese caseira de sacar o quepe. Muitas coisas são diferentes. Terei, por exemplo, que me acostumar em ter aulas em campis da UFPel. Algo estranho para um acadêmico que partiu de uma universidade que parece uma escola de ensino médio com três andares.

Outra coisa que gostei: dois jornais diários na mesma cidade e um senso crítico mais apurado dos homens e mulheres que fazem imprensa. Li resenhas de peças teatrais que aconteceram e fiquei ansioso para aproveitar as que virão. Há também um senso crítico mais oposicionista por parte dos jornalistas. Ouvi o prefeito e seus secretários serem esculhambados em um programa de rádio no sábado. Muito diferente de Santa Rosa.

Levando em consideração os 330 mil habitantes, uma coisa chama atenção: a cidade é mais horizontal do que deveria ser. São poucos os prédios altos. A maioria não têm mais de três andares. Como a cidade possui um terreno arenoso, as pessoas dizem que apenas a tecnologia da engenharia mais moderna permite edificações mais altas. No geral, os prédios históricos são lindos e baixos.

Uma praga das cidades com um porte maior são os pixadores. Infelizmente, eles também fazem parte do contexto urbano de Pelotas, inclusive atingem os prédios históricos e as praças públicas. Uma pena. Os Flanelinhas, também, são personagens constantes. Moro diante de uma pizzaria badalada, e é inevitável vê-los disputando espaço para “cuidar” os carros e as vagas no estacionamento público.

Ainda não tive tempo de fazer muitas coisas. Tenho que assinar internet para o apê e ajustar minha conta bancária em uma agência daqui. Nas andanças do final de semana, uma coisa legal foi descobrir que há muitas coisas relacionadas com o meu sobrenome, Maciel. Praça Conselheiro Maciel, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Maciel Transportes, Mármores e Granitos Maciel. Sem falar quantidade de ruas. É Maciel para todo lado. Mas uma curiosidade: sabe quantas vezes o sobrenome aparece na lista telefônica? Apenas oito. Quando cheguei na livraria e mostrei meu cartão de crédito, a atendente viu meu sobrenome e me identificou como filho de alguém conhecido na cidade. Errou feio. Não tenho parentes aqui.

Tento em vista que ainda não contratei um serviço de internet, gostaria de informar que não publicarei periodicamente no Blog do Capeta, como vinha acontecendo. Os colegas Jr. Grings e Juca Fortes segurarão a peteca. Cada um dentro das suas possibilidades. Um detalhe: jamais imaginei que pudesse fazer falta, mas é bom avisar àqueles inimigos que estão esperando minha ausência permanente que estou vivinho-da-silva. Outra coisa: não esperem nenhuma reportagem sobre Pelotas no Blog. Não decorei nem o número de praças no Centro da cidade. Preciso me adaptar jornalisticamente. Preciso entender melhor o meu ambiente para tentar traduzi-lo. Será difícil.

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