terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Uma região de suicídas?

Everton Maciel

No último final de semana, passei por um momento delicado, mas que reflete uma realidade muito pertinente nessa região. Um parente-próximo cometeu suicídio. Resultado da ópera: dois filhos (4 e 10 anos) para serem sustentados.

O que leva alguém a condições tão extremas? Liberdade.

Desde Jean-Paul Sartre, os teóricos do existencialismo trabalham com 18 conceitos de liberdade. Felizmente esse número é par. E não nos cabe explicar sequer um desses conceitos. Mas, acreditem em mim, todos os conceitos que se aproximam de algum extremo podem ser considerados zonas de perigo. O suicídio é um desses casos: extremo.

A liberdade só efetiva seu sentido dentro dos limites. Liberdade, sem limites, não é liberdade. Como o colega Jr. Grings lembrou em outras postagens, nós estamos condenados a sermos livres. Por mais paradoxal que isso possa parecer.

Independente da condenação dos cristãos, do desdém dos céticos e da teorização dos ateus, o certo é que vivemos na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Um lugar colonizado por diversas culturas e a grande maioria de trabalhadores. Todos têm valores morais muito fortes e vivem motivados pela auto-estima e pelo reconhecimento de pessoalidade e auto-suficiência. Geralmente, antes de pedir ajuda (seja ela psiquiátrica, espiritual ou, simplesmente, aconselhativa), as pessoas apontam armas para suas próprias cabeças ou buscam um poste para puxarem a própria corda.

Apenas na cidade de 5 mil habitantes que tive que conhecer para velar e sepultar esse meu parente-próximo-suicída, 3 pessoas já ceifaram a própria vida em menos de 2 anos. O índice é cavernoso. Muita gente tratando-se de uma comunidade tão pequena.

Condenar a atitude dessas pessoas? Apoiar a coragem (ou covardia) delas? Ou discutir o assunto?

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