sexta-feira, 13 de julho de 2007

Onde está a luz no fim do túnel?

Everton Maciel
No país da esculhambação generalizada, poucos têm acesso ao ensino superior privado. Geralmente estudantes que labutam durante o dia os livros que “comem” à noite.

Neste contexto negro, o debate que se instala a cerca da possibilidade de termos uma universidade federal não é apenas mais um tema pertinente entre tantos outros. O assunto extrapola o limite da importância casual. Estamos falando de uma questão de sobrevivência populacional. São centenas de estudantes que, todos os anos, migram para pólos acadêmicos buscando ensino superior público e, consequentemente, gratuito. Poucos são os que voltam. Todos temos um parente, amigo, vizinho ou conhecido que se foi em busca de estudo e jamais voltou procurando trabalho.

Na última terça-feira, dia três, manifestantes reivindicaram, em São Miguel das Missões, uma universidade federal para a Região Noroeste. Moradores da Região expressaram sua inconformidade com a demora e a enrolação do processo que não anda. Desde 2005, o Ministério da Educação acena com a expansão do ensino superior federal para o norte do Estado. Mas, até agora, nada de efetivo foi feito.

Uma das propostas é criar extensões da Universidade Federal de Santa Maria. Outra alternativa, seria a criação da Universidade Federal da Região das Missões, com campi entre São Miguel, Santo Ângelo, Cerro Largo e São Luiz Gonzaga. O projeto de lei é do senador Paulo Paim, mas precisa ser aprovado pela Comissão de Educação do Senado.

A questão é tão grave que alguns municípios correm o risco de desaparecer do mapa em alguns anos. Em Campina das Missões, por exemplo, conversando com o prefeito Melchior Mallmann, vemos o quão urgente é esse pleito. A média de idade dos habitantes da cidade, que há alguns anos era um dos celeiros mais produtivos e pujantes da Região, é superior a 50 anos. Os jovens foram embora. As alternativas estavam bem longe da simpática Campina, que na década de 80 tinha mais de nove mil habitantes. Hoje resta pouco mais de seis mil. A maioria das pessoas que migraram para as regiões Metropolitana e Vale dos Sinos, foi em busca de oportunidades antes de completar 30 anos de idade.

Uma universidade federal seria a tentativa mais eficiente para reverter um quadro que se agrava todo ano, abarrotando tantos ônibus que partem da rodoviária levando consigo os sonhos dos nossos filhos.

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